[Resenha] O Labirinto do Fauno – Guilhermo del Toro e Cornelia Funke

Acho que eu nunca mencionei antes por aqui, e se já o fiz peço que me perdoem pois vou citar de novo. Eu faço parte de um clube de leitura de livros aqui na região onde eu moro, chamado Clube de Leitura do Gabo (@clubedeleituragabo lá no insta ou Youtube) e a nossa ultima leitura (que para mim foi na realidade uma releitura) foi: O Labirinto do Fauno do Guilherme del Toro e da Cornelia Funke.

Vamos ao que interessa então !

No livro conhecemos Ofélia, uma inocente garota de 9 anos de idade que se vê forçada por seu padrasto a se mudar com sua mãe grávida para o interior da Espanha em pleno período de guerrilha. Esse arranjo foi feito justamente por que Vidal, o padrasto, faz parte do Exercito Espanhol e por conta de sua patente de capitão e por sua personalidade (da qual falaremos mais adiante) foi designado para essa região a fim de achar e capturar desertores e guerrilheiros que se opunham ao governo da época.

Evidentemente que Ofélia não gosta do novo padrasto chamado Ernesto Vidal, e ainda sente muita falta do pai. O sentimento de Vidal para com ela é recíproco e a única coisa com o qual ele se importa é com seu filho que está para nascer. Para se afastar um pouco dessa triste realidade, Ofélia, que sempre gostou de livros e fantasia e magia, descobre um labirinto existente na propriedade e enquanto ela desvenda os caminhos desse labirinto (guiada por uma fada é claro) ela conhece o Fauno, um ser místico meio autoritário que lhe passa 3 perigosas tarefas que se cumpridas corretamente, vão liberar o retorno dela ao seu reino de direito onde seus pais a esperam.

A partir daí ela começa a se identificar como a princesa perdida do Reino do Submundo, a princesa Moana. Enquanto Ofélia acredita na historia do Fauno e vai realizando cada uma dessas tarefas, a realidade vai se desenrolando ao seu redor, trazendo a tona muito sofrimento e posso dizer que cada pagina de realidade contrastando com a fantasia de Ofélia é um soco em nosso estomago.

Essa obra prima foi publicada em  2019 pela editora Intrínseca e contem 265 lindas paginas com ilustrações de Allen Williams, esse tesouro é em capa dura e possui um marcador em fitilho sempre útil quando precisamos dar aquela pausa estratégica na leitura.

Vamos no entanto falar mais sobre o desenvolvimento da historia e eu gostaria de focar na narrativa escolhida, um singela versão de narrador onisciente, que por vezes oscila entre as aventuras e fantasias de Ofélia nos entregando quando preciso seu estado emocional para que nos liguemos a ela e passemos junto com ela por todas as descobertas, desconfianças, raivas e sofrimentos.

Como podem notar os autores se utilizaram de inúmeras ferramentas narrativas para a construção do livro, sendo a mais marcantes o monologo interno. Observei também a existência de historias de fundo em alguns momentos bem como a narrativa é muito sensorial em sua descrição, com seus tempos de ação muito bem colocados.

O plot todo é construído sob a estrutura mista do arco dramático e minimalista dos personagens, disposto para o leitor em cronologia linear e contínua, porém sua historia ocorre no passado distante de 1944 em um ambiente realista da Espanha dominada por Franco, cenário que nos ajuda a definir bem a motivação e escolhas dos personagens.

O Labirinto do Fauno, é uma adaptação em livro de filme homônimo que foi escrito, produzido e dirigido por del Toro em 2006, a partir dali veio essa ideia de transformar aquelas imagens em palavras escritas, sim vocês leram certinho, neste caso raro, o filme veio antes do livro e devo lhes dizer que a Cornélia fez um excelente trabalho nessa tradução intermidiática.

Além disso, temos o desenvolvimento do que podemos chamar de conteúdos extras para esta obra magnifica. Esses conteúdos que chamamos de interlúdio funcionam muito bem para contextualizar e nos situar sobre personagens chaves na história central contada, são um respiro necessário e cada um desses interlúdios nos trás uma faceta diferente e um olhar diferente sobre a historia bem como eventualmente a deixa mais triste e melancólica.

Eu sou bem suspeita para falar deste livro, porque eu particularmente saboreei cada pedacinho dele de novo e não me arrependo da releitura, até agora dias depois de terminada a leitura, ainda sofro junto com Ofélia a melancolia do lugar, merece com louvor 9 estrelinhas.

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Viver – Yu Hua

De vez em quando a gente precisa de um livro que nos faça refletir certo ? E é basicamente isso que Viver nos trás, mas acho que tenho que explicar um pouco essa questão de reflexão né ?

Viver nos apresenta um artista chines cuja responsabilidade é ouvir, aprender e juntar musicas, historias, lendas e transformar isso numa espécie de compendio cultural, dito isso em uma de suas jornadas ele se depara com  Xu Fugui, um senhor simples que tem muita historia para contar e quem sabe nos ensinar a viver e assim ele o faz.
Fugui nos conta sua historia desde que era um jovem pretencioso, sem senso de fidelidade, que achava que tudo cairia fácil para ele por que o pai detinha uma certa e boa porção de propriedade, até que ele se meteu com jogatina e basicamente ele se tornou responsável pela desonra da família Xu. Casado, com uma filha pequena e mulher grávida do segundo filho, Fugui não tem opção a não ser passar a prover o sustento da própria casa, coisa que até os 20 anos ele não fazia ideia de como. Mas a vida é uma caixinha de surpresas e se você entendeu a referencia , vai perceber que mais nada de bom aconteceu com nosso protagonista a partir dai.
Entre diversas situações delicadas e não imaginadas por ele, nosso humilde fazendeiro, vive a transição da China para o comunismo e a historia dele evolui junto com a situação do país, quando suas terras são tomadas e dividas, quando so ricos são punidos apenas por serem ricos tornando a cada dia a sobrevivência de todos mais sofrida. Temos no final uma verdadeira lição de resiliência e como a gente pode me meio a todas as dificuldades tentar encontrar uma forma de continuar, mesmo que seja através de uma “mentira para ele mesmo”.

Viver foi publicado na China em 1993 em uma espécie de jornal em Shangai, o Harvest, para gente só veio chegar em 2008 pela Companhia das Letras, e eu dou graças a deus por esse achado maravilhoso de 216 paginas e é justamente por ser do Oriente que este livro também foi lido para o desafio DLL2021 do Livreando, como Livro Escrito Por Autor Asiático. A composição dessa obra também tem pequenas características curiosas, primeiro é o fato de na realidade ser o artista despreocupado quem se interessa em trazer para nós essa historia então temos uma narração alternada entre 1 e 3 pessoas e só por trazer um formato diferenciado já ganha pontos comigo.
Todas essa arco dramático que vemos é composto de ação, dialogo, MUITOS REVÉS, com toda uma aparência de flashback, mas não sei se chegaria a tanto. O tempo narrativo eu jogaria como misto pois existe um grande espaço de tempo entre a situação de Fugui contando e a historia de de quando ela se desenrolou, entendo que mistura tanto o presente quando o passado, tudo num ambiente totalmente realista da China e ouso classificar essa obra como Ficção Histórica o que me faz observar que dificilmente um livro de drama ou relacionado a nossa historia vai se encaixar em algum dos padrões de enredos mais usados, afinal creio que a própria realidade histórica seja o padrão de enredo uma vez que deve passar por ela para ter a cena validada

Mas afinal, será que vale a pena ler Viver ? A resposta é SIM! A mensagem que Yu Hua nos trás aqui é simples e direta e é fato que a maioria de nós provavelmente não conseguiríamos lidar com tudo que ele lidou. A reflexão contida nessa obra é extremamente pertinente além de ser rápido e fluido na escrita, mas não é para novatos! Então caro leitor, se estiver iniciando o mundo literário por agora.. pode ser que ache um livro não tão bom assim.. mas eu sempre vou ser a favor pelo menos da tentativa e como Viver me emocionou vai ganhar 9 estrelinhas.

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Santo Guerreiro – Roma Invicta – Eduardo Spohr

Hoje a gente vai falar de um nacional muito esperado desde seu anuncio, faz alguns anos que Eduardo Spohr está trabalhando em algo novo e finalmente pusemos as mãos nessa belezinha que é Santo Guerreiro: Roma Invicta, honestamente não sei qual deles é o nome da trilogia e qual deles é o titulo do volume 1 tá ok, na realidade ele era pra ser lido ano passado mais né vamos fingir que não sabemos disso.
Santo Guerreiro vai iniciar a historia de Georgios Anicio Graco, futuramente conhecido como São Jorge e é interessante ver que antes de saber sobre ele, precisamos saber sobre seus pais, então logo de inicio somos apresentados a Laios e Polycronia que se conhecem na decisiva batalha dos romanos contra os palmirenses na revoltosa cidade de Palmira onde a rainha Zenóbia ainda resistia bravamente. Laios é peça decisiva nessa batalha e por conta disso recebe alguns “privilégios” do então césar romano Aureliano acho que para ele acho que nunca foram privilégios mas nem tudo são flores e quando ele assumir o cargo de magistrado em Lida, uma pequena cidade perto de Jerusalém e é nesta cidade que nasce Georgios nosso protagonista.

Apesar de contar com os favores do césar, a vida dos Graco não foi necessariamente fácil durante esses 15 anos pois a constante batalha politica no Senado drenava as energias de Laios e seu “colega” Ras Drago não ajudava em nada nessas questões, afinal por mais pacato que fosse viver em Lida, o sangue de Laios clamava por batalha e assim ele eventualmente tem seu desejo atendido por livre e espontânea pressão. Os Gracos nesse meio tampo são literalmente traidos e obviamente Georgios passará por muito coisa até conseguir entrar na escola dos legionários da Nicomédia, onde seu maior desejo é integrar a Legião Fulminante antigo legado de seu pai, entre as adversidades, ele aprende um pouco de medicina, salva escravos e um pouco mais entre elas diversos traumas que olhando futuramente devem ser o fator motivador dele virar quem deve ser e fator motivador para sua revanche.

Santo Guerreiro é um pouco grandinho e pode ser inserido no campo calhamaço facilmente, com 588 páginas foi impresso pela Editora Verus em 2020. Claro que esse livro faz parte do meu DLL de 2021 e o tema em que eu o encaixei foi – Um Livro que Deveria ser Lido em 2020 –
Agora que falamos sobre o resumo e apresentamos um pouco do livro queria trazer a forma original como essa historia nos é entregue e já lhes digo que isso é a parte mais interessante do livro. Eduardo escolhe nos apresentar nesta ficção histórica, 2 personagens que estão trocando cartas ente si sobre a possibilidade de surgir essa “biografia” de Georgio, um formato surpreendente por mesclar a narrativa em 1 e 3 pessoa, e pasmem os personagens APENAS são Helena de Constantinopla, também conhecida como Santa Helena e Euzébio de Cesareia conhecido bispo e historiador palestino
Essa narrativa essa cheia de descrições, ação, diálogos com porções de fluxo de consciência, tensão e algumas surpresas e muito monólogo interno, possui a estrutura narrativa de arco dramático e está dividida em 3 tomos intercalados por cartas sendo e certamente pode ser encaixada facilmente em um padrão de enredo Cara com Problema, já que Georgios passa por muita coisa inesperada e isso indiretamente acaba formando quem ele vai se tornar no futuro.
O tempo é o mesmo da historia entregue pelas cartas, apesar de a cartas se passarem depois do acontecimentos narrados, ou seja, se passam no passado e quando digo passado é nosso passado mesmo cerca de 200~300 anos DC ( aliás daí vem o gênero ficção histórica, usar fatos reais e documentados junto com personagens fictícios. Então vocês, leitores expertos já inferiram que o espaço narrativo é realista, mesmo que toda nomenclatura usada fosse a da época, são lugares que existem, apenas possuem outro nome como por exemplo a Nicomédia que hoje seria parte da Turquia.

Finalizando essa enorme resenha, vamos finalmente ao veredito de Helena, no caso eu não a de Constantinopla, a história demora um pouco a engrenar até chegar onde realmente queremos e esse sentimento está inserido dentro do próprio livro, apesar disso entendo a escolha de Flavia Helena ( ou seria de Eduardo Sporh ?) de começar com os pais do protagonista, é aceitável até, mas uma divisão inteira sobre o assunto se torna meio cansativo, existe uma hora que a gente já entendeu de onde vem a confiança de Georgios e quase sente que o que é contado não é necessário, eu disse QUASE tá.
No final a gente sente que desenrola e só toma um baque com o final, eu me senti o Jonh Travolta em Pulp Fiction: é o que ? acaba aqui ? temos que esperar o segundo agora? Ficou meio sem conclusão que nos deixe relativamente tranquilos…Então de aqui já sugiro, se você não suporta esperar e quer saber TUDO, melhor esperar a trilogia estar completa, temos ainda 2 livros a serem escritos, Ventos do Norte e Império do Leste.
De forma geral, eu gostei muito do desenvolvimento do protagonista e do enredo e posso dizer que espero que sejam mordidos pelo mosquito da pesquisa, não sei para vocês, mas quando descubro um pequeno fundo de realidade nos livros começa a pesquisar sobre e vou encontrando assim os vários pontos de conexão e é justamente isso que esse livro tem, atentem que quase todos personagem ( se não todos pois não pesquisei) são reais e ver que realmente fizeram os atos do livro me empolga muito então essa obra leva 8 estrelinhas

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Memórias de Minhas Putas Tristes – Gabriel Garcia Marquez

Hoje vai ter resenha tripla para vocês \o/..o que um desafio literário + preguiçinha básica não fazem com a gente né o post é para o Desafio do Livreando 2021 esta é uma resenha de Um Livro Que Leu em Um Dia =D então vamos ao que interessa e o resto não tem pressa !

Primeiro devo explicar que muito alegremente faço parte de um grupo de leitura no whats – o Clube de Leitura do Gabo e este clube é principalmente voltado para ler o livros do Gabriel Garcia Marquez, aka Gabo, é claro que muito espertamente eu encaixei a leitura de Janeiro do clube com o Desafio e voilá 2 coelhos com uma caixa d’agua só. Neste livro vamos conhecer a historia de um cronista do tipo bon vivant, solteirão a vida inteira que jamais quis uma relação profunda ou duradoura com alguém, eis que o sábio triste decide que em seu aniversario de 90 anos ele merece uma boa e merecida noite de amor, igual ao seu auge dos 20 anos, com muito esforço e ajuda de uma conhecida cafetina eles conseguem o acerto, porém no dia D e na hora H, nada acontece !

Ao invés de se aborrecer, afinal ele já esperava que algo assim pudesse ocorrer, ele se espanta pelo fato de que apenas observa-la dormir foi suficiente e a partir dali tudo passa a girar em torno de sua “Degaldina”. Suas crônicas semanais ganham um tom mais romântico e todas as economias são para ela e para o lugar onde se encontram quando dá! Essa “relação” impacta tanto nosso nonagenário, que ele passa a ver Degaldina em todos os cantos da casa e aos poucos seus devaneios nos mostram um pouco de seu passado e de seu real medo a respeito do casamento. Não muito tempo depois coisas adversas fazem com que o cronista e sua Degaldina se separem e quando o reencontro corre não é a melhor dos acontecimentos e só depois de muito entendimento e explicação ele entende e decide enfim dar tudo o que na opinião dele ela merece.

Memórias de Minhas Putas Tristes é um livro super curtinho de apenas 128 páginas e que foi publicado em 2004 na Colombia, aqui pra nós ele só cheio em 2005 pela Record e foi minha primeira experiência com o Gabo, e devo admitir que o estilo de escrita dele é bem diferente do que estou acostumada e não atrapalhou a leitura de forma nenhuma, mais deixou mais difícil de tentar encontrar as partes do livro depois, já que Gabo não escreve separando seus diálogos, são todos seguidos sem travessão. O melhor ganho definitivamente foi a narração em primeira pessoa, com a perde de a gente jamais saber o lado de Degaldina a respeito dessa historia, mas acredito que tenha sido justamente essa a intenção dele.

Utilizando das ferramentas narrativas mais convencionais como ação, muita descrição e diálogos não temos muitas surpresas reveladas, mais gosto de saber que uma tentativa de tensão na historia, é claro que sabemos que essa noveleta é eu gosto de chamar romances curtos assim não deixa tanto espaço assim para grandes reviravoltas, e a simplicidade da narrativa é realmente cativante, já quando falamos em tempo e espaço narrativo, não temos muitas informações mais é seguro dizer que o espaço narrativo é um misto de realista com fictício e deve ser fortemente baseado nas cidades colombianas, bem como o tempo narrativo eu colocaria no passado.

Só que eu sei que o que vocês realmente querem saber é, indica ou não? ou que você Helena achou deste livro e qual foi sua experiência. Como eu já mencionei, a forma de escrever do Gabo poderia ser o motivo pelo qual não me envolvi tanto com a historia, mas honestamente eu sei que foi o protagonista e também sei que foi a “mocinha”, a minha opinião sobre o livro é baseada estritamente no fato que não achei certo desde o inicio o contexto da coisa toda… se eu fosse politicamente correta teria abandonado o livro por que o mesmo faz apologia a pedofilia, e no fim é isso mesmo sabe…e só esse fato me deixou extremamente reticente sobre toda o resto da historia, honestamente a frase final de Rosa sobre Degaldina não me convenceu nenhum um pouco, e acho que no final o titulo faz jus ao nome.. é bem triste. Como não me convenceu esse livro ganha 6 estrelas por que apesar do tema ele é bem escrito isso eu jamais me negaria a dizer !

⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Sombras da Noite – Stephen King

E se um dia, os caminhões dominassem as estradas e a humanidade ? E se alguém inventasse um novo jogo de guerra com mini bombas nucleares de verdade ? E se o bicho papão realmente existisse.?.. Você já pensou no que faria caso alguma coisa desse tipo acontecesse ? Stephen King já e o que ele pensou é assustador ! Neste livro encontramos um coletânea de 20 contos escritos pelo nosso amado Mestre do Terror, e cada uma deles obviamente trabalhada um tipo diferente de medo que nos assola, o prefácio já começa show de bola nos trazendo verdades sobre como gostamos de flertar com o mórbido.

Começamos com um conto sobre Jerusalen’s Lot, uma cidade bastante conhecida por seu destino descrito em outro livro do mestre ( só pra deixar claro estou falando de Salen’s Lot), este conto é seguido por um que se passa no universo de Dança da Morte, nos mostrando um grupo de adolescentes irreverentes, logo mais encontramos o conto que em inglês que dá nome à coletânea, Ultimo Turno mostrando o quanto é absolutamente surreal lidar com ratos gigantes e um chefe ignorante, outro conto nos fala sobre alienígenas que tomam nosso corpo e claro um conto com ritual de magia negra feito inconscientemente e que trás vida a uma maquina de passar roupa. Seguindo na coletânea, lemos sobre o bicho papão e esta historia é sinistra demais, seguida por uma mais nojenta onde um homem é consumido por um fungo, a historia mais divertida certamente é a do mini guerrilheiros e seu ataque ao mercenário, claro que não se compara aos caminhões sobrepujando a humanidade.

Em seguida o tem uma intrigante historia sobre assassinatos em um campus de faculdade sempre que ocorria uma nevoa estranha, o próximo conto é sobre um cortador de grama com vida própria, absolutamente insano mas nada comparado ao que a instituição que te ajuda a parar de fumar faz por você, ou melhor com sua família caso não siga as regras. Ainda mais assustador éter um cara que sempre parece saber o que você quer.. ate que se descobre como ele faz isso.. afinal vodu é pra jacu certo ?
A coletânea finaliza com mais 5 outros contos, tão assombrosos quanto os demais começando com uma seita absolutamente estranha de crianças que vivem num milharal, conto este que tem adaptação de filme , seguido por um conto que trata de confiança e de comunicação entre irmãos, mais um conto sobre assassinato este guiado pelo “amor” e finalmente um sobre grandes e graves decisões.

Essa coletânea show de bola foi publicada e 1978 e conta com 388 paginas entre todos os contos , nem preciso comentar que o processo de escrita do King é genial e ainda me admito com a capacidade dele de transformar qualquer coisa em um historia seja ela de terror, horror, suspense ou mesmo um drama com tudo isso junto e misturado, mas não significa que eu tenha gostado de todos os contos é claro… admito que alguns foram maçantes, outros não fizeram sentido algum, alguns me fizeram pensar e muito e certamente teve uns que pensei WTH, mas de forma geral gostei da habilidade demostrada em trabalhar com qualquer coisa e nos dar uma historia e eu pessoalmente sou bem suspeita pois gosto muito de Stephen King, mas não passo a mão na cabeça.. Esta coletânea por exemplo só ganha 7 estrelas, sendo o melhor conto apresentado o Eu sou o Portal junto com Campo de Batalha e o pior sendo A Mulher no Quarto junto com Ondas Noturnas

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Para Sir Phillip com Amor – Os Bridgetons – Julia Quinn

Olar meus queridos !

Hoje vamos falar sobre o quinto da série dos Bridgertons, essa série mais que amorzinho que esta dominando as paradas literárias, mas vamos devagar e do começo ok ?

Neste livro vamos conhecer a história de Eloise Bridgerton, personagem já conhecida nossa dos outros 4 livrinhos que contam a historias de seus irmãos mais velhos, Daphne, Anthony, Benedict e Colin. Nesta fase da série, Eloise já passou algumas temporadas no mercado casamenteiro em Londres e nunca encontrou um par perfeito, a Mamãe Bridgerton praticamente desistiu de casar a moça, mas neste livro a visão é quase toda da Eloise e mal vemos seus irmãos. O enredo começa exatamente ou quase onde o livro anterior termina, ou seja, com ela fugindo! Sabemos que ela estava um pouco estranha e sabemos que tem haver com cartas, cartas para um tal Sir Phillip..e é quando Eloise cria coragem para conhecer a única pessoa que realmente chamou a atenção dela em termos de personalidade e que ousou pedi-la em casamento sem nem a conhecer. A possibilidade de uma ventura era boa demais para ser verdade e expectativa era excelente, pena que ela esqueceu que avisar para ele que estava chegando o que torna a experiência da surpresa algo bem dramático para nossa mocinha quem sabe apaixonada

Obviamente o choque da realidade chega e Eloise se depara com um homem muito difrente do que ela havia imaginado, mas esse homem a esse homem ainda é o que ela acha que precisa em sua vida. Muitas surpresas e desafios aguardam esse casal meio inesperado, Eloise facilmente aprende a lidar com os filhos pestinhas de Phillip, bem como ele percebe que ela era bem mais do que ele poderia ter esperado para tomar as rédeas da casa. A semana que passa no campo faz Eloise entender melhor como foi a relação de Marina e Philip e depois de uma impetuosa entrada dos Cavalheiros Bridgertons Salvadores de Reputação, Eloise acaba por perceber que aquela pode muito bem ser a vida que sempre quis e que Phillip apesar de temperamental e bruto é extremamente bonito e realmente precisa dela ao seu lado para domar os pestinhas e quem sabe ser finalmente feliz em um relacionamento.

Well, chegou a hora de gente olhar diferente para esse livro e ver ou tentar ver né como a escrita foi desenvolvida e tudo mais. Já de cara posso dizer que eu pessoalmente sou fã das quebras que a Júlia faz nos livros e a quebras destes são super interessantes apesar de relativamente aleatórias, a narração tanto pelo ponto de vista da Eloise como do Phillip também acaba deixando tudo mais interessante. O livro conta com 288 páginas leves e fluidas tornam a leitura muito rápida e prazerosa.

Acaba que não vemos muitas técnicas além da descrição, ação e muitos diálogos, as melhores cenas são claramente Eloise domando os gêmeos, mentira todos sabem que as hot são as melhores cenas e mesmo sabendo que o gênero não exige muita complexidade, admito que sinto falta de alguma astucia maior dos personagens, é claro que temos tensão e surpresa como elementos diferenciados O tempo narrativo escolhido é aquele que a autora mais domina, o passado e eu gosto de pensar que muita coisa que ela escreve é real querer não machuca né ? e o ambiente realista faz jus a pomposidade da época apesar de agora vermos muito mais do campo do que da cidade de Londres.

Minha curiosidade agora é sobre a Eloise da série da Netflix, pois aquela personagem quer muito mais da vida do que a sociedade em que ela vive permite, sinceramente não a vejo fugindo atrás do príncipe encantado, seduzida pela possibilidade do casamento. Já e Eloise dos livros quer sim casar, apenas se reserva no direito de escolher o melhor e o cara certo, não vemos toda essa questão de liberdade, apesar dela mesma admitir que o campo lhe oferecia muito mais dessa liberdade. Mas esse é um problema não pra mim, não para você e sim para Netflix alou quede segunda temporada ?.

Mas a honestidade senhoras e senhores ? é que o livro é bem ok… adoro romances leves e fofinhos principalmente para descansar a mente quando leio algo mais pesado…e os livros da Julia são um balsamo nesse quesito, porém é sempre mais do mesmo, a mocinha ou mocinho que se apaixona por alguém inesperado e seus dramas para ficarem juntos intercalados com sedução como se isso fosse suficiente para definir todo um relacionamento. Todos sabemos que a vida a dois é muito mais complexa do que isso e que nem tudo se resolve na cama, mas correndo o risco de soar hipócrita, eu admito que devorei ele em um dia =D.. as coisas que o tempo livre faz por você então apesar de clichê, sejamos honestos não tem como não querer saber todas as historias da família mais querida de Londres, dou pra esse livro 8 estrelinhas

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

Antes de ir é bom lembrar que estou fazendo o desafio literário do Livreando então esta é a primeira resenha do primeiro mês do DLL21: Um Livro Escrito Por Uma Mulher ! E força na peruca que vem mais resenha por ae !

[Etc e tal…] Livros que marcaram a sua vida…

Hoje queria conversar com vocês sobre: Livros que marcaram a sua vida !!

Lembro muito do primeiro livro lido que me impressionou e deixou uma lição gravada na minha mente! O livro é – O Estudante da Adelaide Carraro. Esse livro possui uma mensagem poderosa de como as drogas podem destruir toda uma família até o mais educado e bem criados dos filhos pode se tornar o pivô de uma tragédia.

Resumindo o livro conta a historia dos Lopes Mascarenhas, mas precisamente sobre os irmãos Roberto e Renato e de como uma simples ‘ajuda’ com uma dor de cabeça se tornou o ponto de entrada para as drogas e como isso impactou toda a família e a deixou em cacos.

Juro para vocês que desde que eu li este livro aprendi a não aceitar remédio dos outros sem que eu veja destacando da embalagem, a cena em que Renato aceita uma ‘aspirina’ que na realidade era alguma droga qualquer, até hoje ressoa em meu espirito, esta foi a primeira coisa que me marcou neste livro.

Como era muito nova, me impressionava fácil e achava que as historias de livros eram escritas por quem tinha vivenciado as historias, tanto é que até os 12 anos de idade, jurava de pés juntos que Sherlock Holmes realmente existiu é eu sei loucura né … porém quando li este livro e eu soube que era baseado em fatos reais, a minha vida foi marcada novamente, reforçando a experiência de que: se antes eu já achava poderosa a mensagem de não aceitar nada de estranhos, a possibilidade daquilo poder realmente acontecer comigo ou com qualquer outro, caiu como um pedra na minha mente juvenil .

Salvo engano este livro faz parte de uma trilogia onde é contada toda a historia dos Lopes Mascarenhas, inclusive mais adiante quando Roberto já esta crescido e tem sua própria família. Admito que as continuações não me impactaram tanto quanto o primeiro, tento que mal lembro o desenrolar delas. Para mim é uma obra extremamente juvenil porém de EXTREMA importância entre nossos jovens, mesmo hoje em dia, deveria ser uma obra recomendada em todas as escolas tanto publicas quanto privadas, pois esta obra também prova que o dinheiro e educação não salvou essa família das garras da tragédia e caos.

E como a gente fala em livroS né, devo comentar então o segundo livro que me ensinou algo importante, que pode não significar tanto para vocês que leem o blog, mas certamente foi uma grande revelação na minha mente ! Falo de Os Meninos que Enganavam Nazistas de Joseph Joffo

A premissa dele é bem obvia, 02 irmãos na epoca da segunda guerra mundial que fizeram de tudo para sobreviver, alías tem video dele no canal confere AQUI e AQUI é uma biografia num estilo um pouco diferente do usual e eu desfrutei muito, MAS o que fez minha ficha cair foi o pós fácio e comentarios do proprio autor logo depois da obra propriamente dita.

Ele comenta que em suas palestras ele sempre respondia as mesma perguntas e por isso decidiu fazer um apanhado e tentar responder as mais recorrentes ali, e uma dessas era sobre ele poder finalmente voltar pra terra dele e a resposta dele é simples… Eu sou frances, nasci na França e posso ser judeu por religião mais minha terra é a França.

Talvez vocês não tenham idéia de dimensão que foi perceber que eu mesma sempre tratei os judeus como pessoas que deveriam vir, voltar ou descender de Israel… e pasmei quando descobri a complexidade da busca judia na época da guerra…. a perseguição era religiosa e por raça claro.. mais ali eu realizei que não era só uma busca por Israelitas e sim por pessoas que praticassem a religião mesmo que tivessem nascido na França, Itália etc… a dimensão dessa perseguisão ficou muito clara pra mim com esse livro

E vocês ? Quais livros marcaram sua vida ??? conta pra mim =D

[Resenha] The Witcher – A Espada do Destino – Andrej Sapkowski

Hoje a gente tá aqui para falar da continuação de The Wicther, o Último Desejo, historia sensacional que conta a saga de Geralt de Rivia.

Importante – A Resenha de O Ultimo Desejo está no canal e você pode conferir aqui ! – Importante

Baseado no final do primeiro livro, a essa altura sabemos que o bruxão tem coisas não resolvidas com feiticeira Yeniffer, mas neste livro apenas encontraremos mais historias de como Geralt vai evitando ou pelo menos tentando evitar seu encontro com o Destino, até ele eventualmente não conseguir mais fugir do elo que ele mesmo forjou.
Suas aventuras neste livro vão desde a caça de raros dragões dourados, passa por lidar com dríades e até ajudar um trambiqueiro a ter uma vida pacifica com excelentes negócios. Em quase todas as aventuras seu amigo inseparável Jaskier, a.k.a Dandelion, que por sinal sempre que ele aparece, ou ele é o motivo de problema ou arrasta Geralt para um problema.

Também fica evidente que Geralt e Yeniffer ainda tem muito que esclarecer sobre o relacionamento conturbado que vivem. No entanto, o centro da historia mesmo é o encontro de Geralt com Ciri, uma menina no minimo petulante, sendo também onde vamos encontrar os primeiros vestígios da realidade de quem ela é e qual a ligação existe entre eles (aquela que Geralt insiste em renegar e fazer pouco caso) e também aprendemos mais sobre a situação politica dos países, principalmente o destino de Cintra e consequentemente o destino de Ciri. Vocês devem estar me achando muito vaga e juro que não é intenção apenas não quero estragar as divertidas historias de Geralt para vocês, a boa noticia é que a partir daqui a historia ficará consistente e linear então ficará mais fácil resenhar essa história toda para vocês.

Como já devem ter suspeitado, temos mais uma vez uma coletânea de contos escritos por Andrej, a primeira edição polonesa do livro foi publicada em 1992 pela Independent Publishing House NEW, sua versão brasileira só chegou em 2012 pela Martins Fontes. Aliás a nova edição da Martins fontes está divina e maravilhosa !!

Estruturado em 5 contos escritos de forma mais linear que seu antecessor, podemos certamente ver a evolução na escrita do Andrej no desenvolvimento da história, conforme ela vai ganhando forma e grandeza. Os contos que encontramos no livro são: O Limite do Possível, Uma Lasca de Gelo, Fogo Eterno, Um Pequeno Sacrifício, Espada do Destino e Algo Mais, todos eles nos trazem fatos importantes sobre Geralt antes de finalmente iniciar a historia dele propriamente dita.

Nem vou tentar encaixar a historia em um padrão de enredo pois é o mesmo nos 5 contos, ou seja, uma versão meio distorcida do padrão super herói ( no caso do Geralt tá mais para padrão anti herói mesmo) e também não vou me ater nas técnicas pois são as usuais sem nenhum extremo diferencial exceto claro a ironia verbal do Geralt mas vale reforçar que essa fantasia é totalmente ambientada em um mundo fantástico com direito a monstros novos e lugares novos.

Por ultimo e não menos importante vou falar sobre a leitura e sua impressão em mim…. Não é segredo que dificilmente ando sendo arrebatada por um livro, mas este conseguiu fazer com que eu sentisse mais forte o entretenimento que é ler, certamente não mudou minha vida nem me deixou boquiaberta, porém valeu as risadas e conhecer mais de Geralt nessas 384 páginas e cada conto a sua maneira nos aproxima mais do personagens. Posso assegurar que a leitura é simples e objetiva e sim a gente vê diferença e evolução na escrita do primeiro para o segundo livro o que torna a minha avaliação dele bastante positiva, certamente é uma opção para quem quer trabalhar ou iniciar o hábito da leitura e vai te pegar muito mais se você assim como eu gosta de fantasia e aventura tudo junto e misturado.


Vou distribuir 8 estrelinhas pra ele 😊 ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] O Saotur – Natália Smirnova Moraes

Esta aqui na realidade é uma segunda resenha desse livro, uma vez que eu decidi rele-lo para poder ter tudo bem fresquinho para a continuação A Cor de Amaranthine, que será resenhada muito em breve (aguardem boahahha). Eu espero muito que fique melhor do que a primeira e se é para passar vergonha passamos de uma vez né… se você quiser comparar as resenhas a primeira está no canal do Youtube confere lá…

Nossa aventura começa com um naufrágio, de onde surge nosso protagonista Constantin Teller, salvo da morte certa por algo que ele não sabe o que é, nosso jovem desmazelado só pensa em permanecer vivo e graças a amistosa Lithy ele consegue. Constantin consegue se fortalecer e se recuperar, logo no entanto, ele se dá conta de que talvez não seja tão bem apreciado como visita naquele lugar desconhecido, afinal as circunstancias suspeitas de sua chegada ali só dão margem a uma interpretação: uma declaração de guerra dos misteriosos Saotur, uma espécie monstruosa e sem escrúpulos que habita a região do Reino Sem Nome.

Enquanto isso conhecemos a historia de Helena, Lótus e de como essa relação proibida resultou em Saphere, o meio saotur responsável por salvar Constantin. É durante o julgamento de Saphere que a gente tem uma outra visão de quem realmente são os saotur e o qual o papel deles neste mundo tão protegido, além de conhecermos o desenvolvimento do amor de Helena por Lótus.
Constantin então é testemunha do quão dura a Realeza pode ser com quem não anda de acordo com suas leis e logo ele aprende os costumes e hierarquias, conseguindo apesar de tudo isso realizer seu sonho de se tornar escritor quando ele ganha da Realeza o brasão que lhe permite exercer essa atividade.

Tudo isso se desenrola em um cenário magnifico cheio de conspirações, traições e muito acaso do destino onde planos são destruídos, vidas são salvas e inocentes são enganados !

  • Como será que Constantin conseguiu se virar esse tempo todo ?
  • Afinal porque esse ódio pelo diferente ?
  • Que segredos a Realeza esconde ?

Para descobrir isso e outras coisitas mais, faça como eu e dê uma chance ao nacional fantástico maravilhoso que é o Saotur.

Esta é uma obra bem nacional apesar da origem da autora ser russa (eu sempre vou zuar isso) e como aqui no Brasil publicar por editora é meio difícil, ela escolheu a forma independente de publicação, portanto em 2016 a Amazon foi escolhida para o ebook e o Clube de Autores se você quer uma versão física (alias eu insisto nisso) essa boniteza é bem curtinha e tem apenas 324 páginas.

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Quando abordamos o lado mais técnico da coisa, essa fantasia chega a principio sem muitas novidades, temos uma confortável narração em 3ª pessoa que é quase considerado ponto de vista, ela tem várias perspectivas, sendo a de Constantin uma delas e alguns outros personagens, como Helena e Phaeron, complementam a narração. O arco dramático é todo feito com descrições fabulosas e muita contextualização, sem maneirar no flash back (pobre Helena) a gente certamente é arrebatado pelas surpresas e revés (pelas cenas calientes também heim)
O roteiro é linear e sua historia se passa em dias, semanas e meses e o espaço da narrativa, ou seja, o cenário é fantástico. A historia tem uma essência que você pode chamar de clichê mais o padrão de enredo que eu vejo aqui é o Cara Com Um Problema e uma pinceladinha de Ritos de Passagem e acho que é essa pinceladinha que deixa tudo interessante

OK, vocês já tem um resumo da obra e um breve analise literária e acho que esta na hora de eu falar a minha opinião né ?

Não é segredo que gosto muito do trabalho da Natália e todos sabemos como é difícil criar algo novo e diferente e ela conseguiu nos apresentar esse diferente em O Saotur, mesmo que ele tenha amor e ódio como pano de fundo o que sobressai certamente é estarmos exatamente como Constanin, sem saber onde estamos e o que vamos descobrir ali.

No video do canal, eu cheguei a comentar que seria interessante a gente saber em que momento a historia se passa, pois a transição do tempo é bem sutil e relendo a obra posso afirmar que eu é que fui afobada mesmo e que o flash back que a gente encontra é bem claro e evidente. MAS senti falta de entender um pouco mais da motivação dos saoturs (esse plural tá certo ?) e da sua origem de forma geral, senti falta de mais deles já que são eles que dão o nome ao livro né… difícil explicar eu sei .

Mas o que mais gostei mesmo é do sentimento trabalhado no Saphere, que quase ninguém nota mais esta lá e sei que isso será desenvolvido ( VEM AMARANTHINE). No fim gente o que importa é que adorei demais a obra e ela vale cada centavinho investido principalmente e especialmente se você assim como eu é louco nas fantasia

Avaliação dessa lindeza é 9 estrelinhas. ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Tieta do Agreste – Jorge Amado

Estamos na ficcional Santana do Agreste na real Bahia e o livro começa nos explicando o motivo da fuga de Tieta, motivo este que chega a ser bem óbvio – menina rebelde e sem rédeas, irmã delatora e pai extremamente bravo fez toda a receita. Anos se passam e após meses sem noticias para a família, todos esperam o pior quando na realidade o que ocorre é a volta da filha pródiga. Tieta volta e para todos é uma menina de sorte que casou com um ricaço que infelizmente a deixou viúva ela então decide que precisa de férias em sua terra natal, mostrar que pode ser generosa apesar de não o terem sido com ela no passado.

Antes a historia fosse apenas isso, em meio a todo o caos o progresso quer andar e chegar até no interior da Bahia e Tieta faz o que pode com sua influencia poderosa que tem origem em São Paulo, influencia essa que acabamos por perceber serem de outras naturezas. Vemos várias historias se entrelaçarem e vários temas importantes como progresso, manipulação politica e preconceito serem discutidos.Mas absurdo no entanto é o envolvimento de Tieta com seu sobrinho mais velho, ela bem que tenta ficar longe mais Ricardo é bem tentador e aqui temos mais um ponto chocante para os leitores da época.. imaginem só Tieta é uma cortesã (falei bonito né? prostituta acho que fica mais claro)

A cidade é cheia de seus segredos e a politica se mistura com sentimentos, o inocente prefeito não percebe a manipulação para que ele ceda o paraíso aos capitalistas e Tieta persiste em ficar de fora dessa briga. As irmãs de Tieta cada uma a seu jeito querendo se aproveitar da riqueza dela. O resultado é claramente desilusão amorosa e progresso que nunca chegou a cidade. Eventualmente toda historia de Tieta é revelada e ela por fim decide que afinal visitar sua terra foi um erro !

Esse nacional muito chocante foi lançado em 1977 pela Companhia das Letras Analisando dentro da nossa ampla língua portuguesa, identifiquei pontos relevantes como por exemplo a narração em 3ª pessoa bem do tipo onipresente aquele que sabe tudo, com as interrupções do autor em 2ª pessoa. Acabou que por conta dessas interrupções ficou com um formato extremamente curioso (é de analisar se era padrão do Jorginho). Procurei muito e na qualidade leiga de letras em português percebi que não se encaixa em nenhum padrão de enredo que eu conheça.

Um obra com muito dialogo e descrições precisas das belas praias da Bahia também encontramos muita contextualização e talvez pela primeira vez uma ironia verbal e algumas pitadas de flashback. Encontramos uma estrutura bem mista entre arco dramático e minimalista e um tempo narrativo linear e no presente que decorre em dias semanas e meses obviamente em um cenário geoficticio

No impacto literário pessoal (ou seja na minha opiniãoooo) esse livro é diferente de várias formas, primeiro que não me lembro de ter tido muito contato com literatura brasileira que fosse nesse formato que vou chamar de excêntrico.

Os temas que essa obra trata são intrigantes e passiveis de extenso pensamento sobre como somos conduzidos como massa votante.
Vou pular a parte safada do livro pois a mim me parece muita forçação de barra do Jorge Amado no relacionamento deveras estranho da Tieta com seu sobrinho e de como obviamente isso afetou como pessoa veja bem não discuto o formato de vida dela e nem como ela decidiu viver mas ainda sim uma forçação!
A parte politica acredito eu que nunca mudou e percebi um estranho fundo de verdade em como tudo funciona até nos dias de hoje. Me ressenti de não ter trabalhado muito o preconceito mais acho que pela época era esperado que ficasse por isso mesmo a reação do jovem prefeito com sua escolhida.

Resumo mesmo ? achei muita cena de sexo e pouca resolução de problema.. nada além de uma retratação do nosso cotidiano e suas imprevisibilidades… nada mais chato do que nossa vida chata não é mesmo ? Só odiei firmemente Jorge interrompendo a narrativa da historia para esclarecer fatos ou mesmo “brigar” com seu suposto concorrente, pode ser o diferente da época mas isso sempre quebrava a leitura e nem eram tão relevantes as informações que ele cedia. Esperava mais de Tieta é verdade mais reconheço que de sua forma ela fez o que pode por uma comunidade que sempre a desprezou … no fim dou 8 estrelinhas pra esse nacional que inspirou novelas e filmes.

Esta ganha : ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐