Apenas mais uma viajante do mundo literário

Categoria: Literatura Nacional

[Resenha] A Droga da Obediência – Pedro Bandeira

Todos nós temos um livro que nos remete a infância certo ? OK no meu caso é uma coleção inteira chamado coleção vagalume, mas vamos nos manter em foco ok ? Para o desafio do ano o DLL 2021 do Livreando, escolhi junto este mês exatamente esse tema, Livro Que Remeta a Infância. E foi bem providencial eu ter ganho de natal a coleção que me fez gostar de investigação e que eventualmente me levou ao mestre Arthur Conan Doyle além de é claro de desenvolver minha quedinha especial por livros desse gênero. Estou falando de uma coleção muito especial para mim do Pedro Bandeira, chamada de Os Karas, mais vou trazer para vocês especificamente o primeiro deles : A Droga da Obediência.

Este livro nos apresenta logo de inicio um grupo de 5 amigos colegiais que se reúnem para resolver diversos tipos de problemas, e logo na primeira reunião convocada por Miguel, que é o líder do grupo, e os outros 3 integrantes originais dos Karas: Calú, Crânio e Magri, tem de resolver um problema mais urgente, afinal eles foram descobertos por Chumbinho um dos alunos mais novos da escola e para evitar serem dedurados e desta forma arranjarem mais problemas ainda, o grupo decide aceita-lo imediatamente. O que Miguel não contava, era que o pequeno Chumbinho teria informações vitais sobre os recentes desaparecimentos que viraram noticia nas ultimas semanas, noticias alias, que foram o motivo inicial da reunião dos Karas naquele dia.
Após distribuir as tarefas de cada um, Miguel se vê em um dura decisão ao descobrir que ao delegar uma “pequena e inútil” tarefa a Chumbinho, o pobre menino seria ele mesmo uma vitima da quadrilha de sequestradores. Sem tempo a perder Miguel redireciona os esforços de Crânio a encontrar uma lógica em toda aquela situação, o mais assustador de tudo é que nem mesmo na policia os Karas podem confiar, pelos menos não em qualquer um.
Enquanto Chumbinho tenta bolar uma saída dessa enrascada, vemos através dos olhos dele como funciona a empresa Pain Control e o real proposito dos sequestros. Um plano terrível a maligno esta em andamento e o Dr QI, o cérebro por trás desses crimes não está para brincadeira. Muito se desenrola até que todas as peças de encaixam e os meninos conseguem responder ao mistério de porque, como e onde estão todos os alunos sumidos e qual era o objetivo maligno do Dr QI.

A Droga da Obediência foi lançado em 1984 pela Moderna e de lá houve algumas edições sendo que esta que vos fala leu a mais recente lançada, ou seja a de 2014. Esse pequeno e impressionante livro tem 192 páginas de pura ação, descrição, diálogo, todos inteligentes e bem colocados, é sempre bem interessante ver o arco dramático do enredo ser formado pelos fluxos de consciência e omissões propositais, ficamos eletrizados com a tensão apresentada, isso sem contar é claro as surpresas e plots twists, ferramentas que o autor nem sempre tem consciência que usa. Sem medo posso por o padrão do enredo aqui como um moderado Velocino de Ouro.
Não posso deixar de mencionar a narração, que por si só é bem interessante, pois nos entrega uma espécie de ponto de vista, podemos ver tanto a situação de Chumbinho, como a situação de Miguel e o resto da turma. Quando a gente observa o tempo e o espaço narrativo, logo fica evidente uma trama toda no presente e que se passa em um ambiente geofictício, afinal tenho certeza de que a escola e a fábrica não existem mais como não sabemos a cidade brasileira em que se passa a historia não podemos supor que mesma exista mesmo que meu palpite seja uma São Paulo da vida.

É claro que esse queridinho veio bem a calhar quando eu precisava de uma leitura leve e também cumprir o desafio porque né e fluida completamente dinâmica e que viesse com um toque nostálgico e ele entregou muito bem o que eu precisava, acredite ou não não tenho criticas, pois o foco infanto-juvenil está totalmente completo ali, é simples e direto em sua proposta sem muita enrolação para a ação, as peças são encaixadas no devido tempo além de brincar com nosso senso de investigação.
Único pequeno ponto mais é bemmmmmm pequeno tá vai apenas para os super estudantes mais se eles não fossem não seriam os Karas certo ? Normalmente eu acharia forçado o fato de Magri se uma esperança olímpica e Crânio ser super inteligente e sacar as coisas de uma vez, mais o livro tem uma simplicidade onde isso é completamente aceitável. Certo que essa leitura é indicada para qualquer um que queira dar uma chance aos livros, mas se você olhar muito adultamente para ele, pode achar fraco e sem relevância, ele é absolutamente perfeito para adolescentes, ou para você que quer ter um gostinho da infância de quando lia coleção vagalume. Pela memória maravilhosa e pelo enredo bem desenhado 9 estrelinhas.

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Santo Guerreiro – Roma Invicta – Eduardo Spohr

Hoje a gente vai falar de um nacional muito esperado desde seu anuncio, faz alguns anos que Eduardo Spohr está trabalhando em algo novo e finalmente pusemos as mãos nessa belezinha que é Santo Guerreiro: Roma Invicta, honestamente não sei qual deles é o nome da trilogia e qual deles é o titulo do volume 1 tá ok, na realidade ele era pra ser lido ano passado mais né vamos fingir que não sabemos disso.
Santo Guerreiro vai iniciar a historia de Georgios Anicio Graco, futuramente conhecido como São Jorge e é interessante ver que antes de saber sobre ele, precisamos saber sobre seus pais, então logo de inicio somos apresentados a Laios e Polycronia que se conhecem na decisiva batalha dos romanos contra os palmirenses na revoltosa cidade de Palmira onde a rainha Zenóbia ainda resistia bravamente. Laios é peça decisiva nessa batalha e por conta disso recebe alguns “privilégios” do então césar romano Aureliano acho que para ele acho que nunca foram privilégios mas nem tudo são flores e quando ele assumir o cargo de magistrado em Lida, uma pequena cidade perto de Jerusalém e é nesta cidade que nasce Georgios nosso protagonista.

Apesar de contar com os favores do césar, a vida dos Graco não foi necessariamente fácil durante esses 15 anos pois a constante batalha politica no Senado drenava as energias de Laios e seu “colega” Ras Drago não ajudava em nada nessas questões, afinal por mais pacato que fosse viver em Lida, o sangue de Laios clamava por batalha e assim ele eventualmente tem seu desejo atendido por livre e espontânea pressão. Os Gracos nesse meio tampo são literalmente traidos e obviamente Georgios passará por muito coisa até conseguir entrar na escola dos legionários da Nicomédia, onde seu maior desejo é integrar a Legião Fulminante antigo legado de seu pai, entre as adversidades, ele aprende um pouco de medicina, salva escravos e um pouco mais entre elas diversos traumas que olhando futuramente devem ser o fator motivador dele virar quem deve ser e fator motivador para sua revanche.

Santo Guerreiro é um pouco grandinho e pode ser inserido no campo calhamaço facilmente, com 588 páginas foi impresso pela Editora Verus em 2020. Claro que esse livro faz parte do meu DLL de 2021 e o tema em que eu o encaixei foi – Um Livro que Deveria ser Lido em 2020 –
Agora que falamos sobre o resumo e apresentamos um pouco do livro queria trazer a forma original como essa historia nos é entregue e já lhes digo que isso é a parte mais interessante do livro. Eduardo escolhe nos apresentar nesta ficção histórica, 2 personagens que estão trocando cartas ente si sobre a possibilidade de surgir essa “biografia” de Georgio, um formato surpreendente por mesclar a narrativa em 1 e 3 pessoa, e pasmem os personagens APENAS são Helena de Constantinopla, também conhecida como Santa Helena e Euzébio de Cesareia conhecido bispo e historiador palestino
Essa narrativa essa cheia de descrições, ação, diálogos com porções de fluxo de consciência, tensão e algumas surpresas e muito monólogo interno, possui a estrutura narrativa de arco dramático e está dividida em 3 tomos intercalados por cartas sendo e certamente pode ser encaixada facilmente em um padrão de enredo Cara com Problema, já que Georgios passa por muita coisa inesperada e isso indiretamente acaba formando quem ele vai se tornar no futuro.
O tempo é o mesmo da historia entregue pelas cartas, apesar de a cartas se passarem depois do acontecimentos narrados, ou seja, se passam no passado e quando digo passado é nosso passado mesmo cerca de 200~300 anos DC ( aliás daí vem o gênero ficção histórica, usar fatos reais e documentados junto com personagens fictícios. Então vocês, leitores expertos já inferiram que o espaço narrativo é realista, mesmo que toda nomenclatura usada fosse a da época, são lugares que existem, apenas possuem outro nome como por exemplo a Nicomédia que hoje seria parte da Turquia.

Finalizando essa enorme resenha, vamos finalmente ao veredito de Helena, no caso eu não a de Constantinopla, a história demora um pouco a engrenar até chegar onde realmente queremos e esse sentimento está inserido dentro do próprio livro, apesar disso entendo a escolha de Flavia Helena ( ou seria de Eduardo Sporh ?) de começar com os pais do protagonista, é aceitável até, mas uma divisão inteira sobre o assunto se torna meio cansativo, existe uma hora que a gente já entendeu de onde vem a confiança de Georgios e quase sente que o que é contado não é necessário, eu disse QUASE tá.
No final a gente sente que desenrola e só toma um baque com o final, eu me senti o Jonh Travolta em Pulp Fiction: é o que ? acaba aqui ? temos que esperar o segundo agora? Ficou meio sem conclusão que nos deixe relativamente tranquilos…Então de aqui já sugiro, se você não suporta esperar e quer saber TUDO, melhor esperar a trilogia estar completa, temos ainda 2 livros a serem escritos, Ventos do Norte e Império do Leste.
De forma geral, eu gostei muito do desenvolvimento do protagonista e do enredo e posso dizer que espero que sejam mordidos pelo mosquito da pesquisa, não sei para vocês, mas quando descubro um pequeno fundo de realidade nos livros começa a pesquisar sobre e vou encontrando assim os vários pontos de conexão e é justamente isso que esse livro tem, atentem que quase todos personagem ( se não todos pois não pesquisei) são reais e ver que realmente fizeram os atos do livro me empolga muito então essa obra leva 8 estrelinhas

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Cor de Amaranthine – Natália Smirnova Moraes

Cor de Amaranthine é a continuação direta de O Saotur ambos de autoria da Natália Smirnova Moraes ( já postei sobre ela aqui ó link do post).

Neste livro vamos acompanhar a viajem de Constantin e a trupe da realeza do reino sem nome, Amaranth, Koi e o escudo humano Eliot. Enquanto eles prosseguem nessa aventura, descobrimos mais sobre a origem de Constantin, sobre sua dura infância e principalmente sobre como ele acabou no Volvet.
Durante essa viajem descobrimos também a origem da guerra entre os não marcados e os marcados, descobrimos também o sofrimento que Amaranth carrega esse tempo todo em seu coração. Misturado em tudo isso vemos como Phaeron lida com toda a situação no Reino sem nome uma vez que ele agora possui grandes poderes, e todos sabemos que com grandes poderem vem grandes responsabilidades não é mesmo ?
Vemos relações começarem e se romperem e decisões difíceis e horríveis sendo tomadas, bem como personagens novos e intrigantes surgirem para abalar o reino sem nome e quem sabe a vida de todos os não marcados no mundo todo.

Como lidar com toda frustração da traição ?
Como justificar ações quando as raças não se dão bem e nunca se darão ?
Como suportar a verdade e fazer parte do sistema ?
A vingança se tornará real ?

Lançado em 2019 pelo Clube de Autores e em ebook pela Amazon, esse livro possui uma estrutura literária interessante com narração em 3 pessoa sendo este mesmo narrador um observador onisciente focados para 2 personagens o Constantin e Amaranth, não excluindo é claro as passagens menores, posso dizer que neste aspecto o modo narrativo é bem parecido com o livro anterior
Organizado em 23 capítulos lineares desenvolvidos essencialmente na estrutura de arco dramático onde vemos o desenvolver e amadurecimento dos personagens, vemos também alguns toques de omissão, descrição, fluxo de consciência e claro o amado flash-back, e é essa ferramenta narrativa que vai nos explicar muita coisa sobre o Constantin.

Tudo isso com bastante ação, diálogos, surpresas e talvez quem sabe um plot twist bem entrelaçado, toda essa aventura se desenvolve em dias semanas meses, é difícil precisar exatamente, mas eu chuto que essa viajem levou alguns meses, e ela se deu em um ambiente geoficticio (com uma exibição bem triste de Londres eu diria)
Quando resolvi parar e identificar a receitinha do bolo que chamamos de padrão de enredo, de novo deparei com uma opção que eu consideraria mista. ( talvez separando em sua trama e sub trama quem sabe) Percebi dois padrões de enredo: o Velocino de Ouro que é o geral e Amor e Amizade como secundário ou sub trama, assumi que já que temos uma equipe buscando um objeto valioso passando por aventuras diversas e perigos diversos( Velocino) e durante essa busca surge o herói incompleto que deve superar uma situação difícil a fim de estar ao lado da pessoa que lhe dá paz, esta pessoa seria a contra parte que o complementa e por vezes é seu oposto, porém surge uma complicação (e que complicação heim Natália) e encontramos o desfecho do improvável casal, seja ele feliz ou triste ( Amor e Amizade)

Mas afinal o que eu como leitora achei de Cor de Amaranthine ? Vou admitir que tem um misto de emoções rolando em relação a ele! Achei impressionante a dinâmica da viajem que é o centro do livro, de como eles passam por vários lugares e mesmo tentando passar despercebidos surgem situações que demandam ações, ver o aprofundamento da historia dos marcados e começar a entender a origem pontual do problema entre as raças foi enriquecedor e claro que saber o passado do Constantin também foi legal…. até certo ponto, conhecer os fatos que o transformaram em quem ele é foi demais, porém em algumas partes ficou redundantes (não leva a mal Nat =~~). Honestamente só sei que até agora Constantin não me convence como pegador geral mas isso sou euzinha mesma.

Outro ponto que não me convence é o motivo dos marcados, mas aqui de novo é ideologia pessoal desta que vos fala, a Amaranth tem seus motivos para pensar como pensa, só acho que ela não vê o cenário todo, ou se o vê, não se importa. Eu talvez diria que senti falta dos Saotur nessa história, que ver mais sobre eles e mais deles porém fatos do livro anterior corroboram a ideia de que isso não seria possível, se eles estivessem lá seria uma senhora falha de cronologia. Enquanto isso o que achei do desfecho ? esse eu achei intrigante de inicio e MUITO ansiosa no final…. Intrigante pois é no modelo alguns anos depois dos acontecimentos de Cor de Amaranthine, quase um prefácio do terceiro livro, e eu acho que o plot twist inteiro desse livro fica por conta desse desfecho e só de pensar várias teorias despontam na cabeça o que é claro me fez ficar ansiosa !

Apesar dos altos e baixo a média dele é bem e obviamente vale a pena ter na estante principalmente se você já leu O Saotur, as estrelinhas para este são 8

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] O Saotur – Natália Smirnova Moraes

Esta aqui na realidade é uma segunda resenha desse livro, uma vez que eu decidi rele-lo para poder ter tudo bem fresquinho para a continuação A Cor de Amaranthine, que será resenhada muito em breve (aguardem boahahha). Eu espero muito que fique melhor do que a primeira e se é para passar vergonha passamos de uma vez né… se você quiser comparar as resenhas a primeira está no canal do Youtube confere lá…

Nossa aventura começa com um naufrágio, de onde surge nosso protagonista Constantin Teller, salvo da morte certa por algo que ele não sabe o que é, nosso jovem desmazelado só pensa em permanecer vivo e graças a amistosa Lithy ele consegue. Constantin consegue se fortalecer e se recuperar, logo no entanto, ele se dá conta de que talvez não seja tão bem apreciado como visita naquele lugar desconhecido, afinal as circunstancias suspeitas de sua chegada ali só dão margem a uma interpretação: uma declaração de guerra dos misteriosos Saotur, uma espécie monstruosa e sem escrúpulos que habita a região do Reino Sem Nome.

Enquanto isso conhecemos a historia de Helena, Lótus e de como essa relação proibida resultou em Saphere, o meio saotur responsável por salvar Constantin. É durante o julgamento de Saphere que a gente tem uma outra visão de quem realmente são os saotur e o qual o papel deles neste mundo tão protegido, além de conhecermos o desenvolvimento do amor de Helena por Lótus.
Constantin então é testemunha do quão dura a Realeza pode ser com quem não anda de acordo com suas leis e logo ele aprende os costumes e hierarquias, conseguindo apesar de tudo isso realizer seu sonho de se tornar escritor quando ele ganha da Realeza o brasão que lhe permite exercer essa atividade.

Tudo isso se desenrola em um cenário magnifico cheio de conspirações, traições e muito acaso do destino onde planos são destruídos, vidas são salvas e inocentes são enganados !

  • Como será que Constantin conseguiu se virar esse tempo todo ?
  • Afinal porque esse ódio pelo diferente ?
  • Que segredos a Realeza esconde ?

Para descobrir isso e outras coisitas mais, faça como eu e dê uma chance ao nacional fantástico maravilhoso que é o Saotur.

Esta é uma obra bem nacional apesar da origem da autora ser russa (eu sempre vou zuar isso) e como aqui no Brasil publicar por editora é meio difícil, ela escolheu a forma independente de publicação, portanto em 2016 a Amazon foi escolhida para o ebook e o Clube de Autores se você quer uma versão física (alias eu insisto nisso) essa boniteza é bem curtinha e tem apenas 324 páginas.

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Quando abordamos o lado mais técnico da coisa, essa fantasia chega a principio sem muitas novidades, temos uma confortável narração em 3ª pessoa que é quase considerado ponto de vista, ela tem várias perspectivas, sendo a de Constantin uma delas e alguns outros personagens, como Helena e Phaeron, complementam a narração. O arco dramático é todo feito com descrições fabulosas e muita contextualização, sem maneirar no flash back (pobre Helena) a gente certamente é arrebatado pelas surpresas e revés (pelas cenas calientes também heim)
O roteiro é linear e sua historia se passa em dias, semanas e meses e o espaço da narrativa, ou seja, o cenário é fantástico. A historia tem uma essência que você pode chamar de clichê mais o padrão de enredo que eu vejo aqui é o Cara Com Um Problema e uma pinceladinha de Ritos de Passagem e acho que é essa pinceladinha que deixa tudo interessante

OK, vocês já tem um resumo da obra e um breve analise literária e acho que esta na hora de eu falar a minha opinião né ?

Não é segredo que gosto muito do trabalho da Natália e todos sabemos como é difícil criar algo novo e diferente e ela conseguiu nos apresentar esse diferente em O Saotur, mesmo que ele tenha amor e ódio como pano de fundo o que sobressai certamente é estarmos exatamente como Constanin, sem saber onde estamos e o que vamos descobrir ali.

No video do canal, eu cheguei a comentar que seria interessante a gente saber em que momento a historia se passa, pois a transição do tempo é bem sutil e relendo a obra posso afirmar que eu é que fui afobada mesmo e que o flash back que a gente encontra é bem claro e evidente. MAS senti falta de entender um pouco mais da motivação dos saoturs (esse plural tá certo ?) e da sua origem de forma geral, senti falta de mais deles já que são eles que dão o nome ao livro né… difícil explicar eu sei .

Mas o que mais gostei mesmo é do sentimento trabalhado no Saphere, que quase ninguém nota mais esta lá e sei que isso será desenvolvido ( VEM AMARANTHINE). No fim gente o que importa é que adorei demais a obra e ela vale cada centavinho investido principalmente e especialmente se você assim como eu é louco nas fantasia

Avaliação dessa lindeza é 9 estrelinhas. ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Tieta do Agreste – Jorge Amado

Estamos na ficcional Santana do Agreste na real Bahia e o livro começa nos explicando o motivo da fuga de Tieta, motivo este que chega a ser bem óbvio – menina rebelde e sem rédeas, irmã delatora e pai extremamente bravo fez toda a receita. Anos se passam e após meses sem noticias para a família, todos esperam o pior quando na realidade o que ocorre é a volta da filha pródiga. Tieta volta e para todos é uma menina de sorte que casou com um ricaço que infelizmente a deixou viúva ela então decide que precisa de férias em sua terra natal, mostrar que pode ser generosa apesar de não o terem sido com ela no passado.

Antes a historia fosse apenas isso, em meio a todo o caos o progresso quer andar e chegar até no interior da Bahia e Tieta faz o que pode com sua influencia poderosa que tem origem em São Paulo, influencia essa que acabamos por perceber serem de outras naturezas. Vemos várias historias se entrelaçarem e vários temas importantes como progresso, manipulação politica e preconceito serem discutidos.Mas absurdo no entanto é o envolvimento de Tieta com seu sobrinho mais velho, ela bem que tenta ficar longe mais Ricardo é bem tentador e aqui temos mais um ponto chocante para os leitores da época.. imaginem só Tieta é uma cortesã (falei bonito né? prostituta acho que fica mais claro)

A cidade é cheia de seus segredos e a politica se mistura com sentimentos, o inocente prefeito não percebe a manipulação para que ele ceda o paraíso aos capitalistas e Tieta persiste em ficar de fora dessa briga. As irmãs de Tieta cada uma a seu jeito querendo se aproveitar da riqueza dela. O resultado é claramente desilusão amorosa e progresso que nunca chegou a cidade. Eventualmente toda historia de Tieta é revelada e ela por fim decide que afinal visitar sua terra foi um erro !

Esse nacional muito chocante foi lançado em 1977 pela Companhia das Letras Analisando dentro da nossa ampla língua portuguesa, identifiquei pontos relevantes como por exemplo a narração em 3ª pessoa bem do tipo onipresente aquele que sabe tudo, com as interrupções do autor em 2ª pessoa. Acabou que por conta dessas interrupções ficou com um formato extremamente curioso (é de analisar se era padrão do Jorginho). Procurei muito e na qualidade leiga de letras em português percebi que não se encaixa em nenhum padrão de enredo que eu conheça.

Um obra com muito dialogo e descrições precisas das belas praias da Bahia também encontramos muita contextualização e talvez pela primeira vez uma ironia verbal e algumas pitadas de flashback. Encontramos uma estrutura bem mista entre arco dramático e minimalista e um tempo narrativo linear e no presente que decorre em dias semanas e meses obviamente em um cenário geoficticio

No impacto literário pessoal (ou seja na minha opiniãoooo) esse livro é diferente de várias formas, primeiro que não me lembro de ter tido muito contato com literatura brasileira que fosse nesse formato que vou chamar de excêntrico.

Os temas que essa obra trata são intrigantes e passiveis de extenso pensamento sobre como somos conduzidos como massa votante.
Vou pular a parte safada do livro pois a mim me parece muita forçação de barra do Jorge Amado no relacionamento deveras estranho da Tieta com seu sobrinho e de como obviamente isso afetou como pessoa veja bem não discuto o formato de vida dela e nem como ela decidiu viver mas ainda sim uma forçação!
A parte politica acredito eu que nunca mudou e percebi um estranho fundo de verdade em como tudo funciona até nos dias de hoje. Me ressenti de não ter trabalhado muito o preconceito mais acho que pela época era esperado que ficasse por isso mesmo a reação do jovem prefeito com sua escolhida.

Resumo mesmo ? achei muita cena de sexo e pouca resolução de problema.. nada além de uma retratação do nosso cotidiano e suas imprevisibilidades… nada mais chato do que nossa vida chata não é mesmo ? Só odiei firmemente Jorge interrompendo a narrativa da historia para esclarecer fatos ou mesmo “brigar” com seu suposto concorrente, pode ser o diferente da época mas isso sempre quebrava a leitura e nem eram tão relevantes as informações que ele cedia. Esperava mais de Tieta é verdade mais reconheço que de sua forma ela fez o que pode por uma comunidade que sempre a desprezou … no fim dou 8 estrelinhas pra esse nacional que inspirou novelas e filmes.

Esta ganha : ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

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