Apenas mais uma viajante do mundo literário

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[Resenha] O Labirinto do Fauno – Guilhermo del Toro e Cornelia Funke

Acho que eu nunca mencionei antes por aqui, e se já o fiz peço que me perdoem pois vou citar de novo. Eu faço parte de um clube de leitura de livros aqui na região onde eu moro, chamado Clube de Leitura do Gabo (@clubedeleituragabo lá no insta ou Youtube) e a nossa ultima leitura (que para mim foi na realidade uma releitura) foi: O Labirinto do Fauno do Guilherme del Toro e da Cornelia Funke.

Vamos ao que interessa então !

No livro conhecemos Ofélia, uma inocente garota de 9 anos de idade que se vê forçada por seu padrasto a se mudar com sua mãe grávida para o interior da Espanha em pleno período de guerrilha. Esse arranjo foi feito justamente por que Vidal, o padrasto, faz parte do Exercito Espanhol e por conta de sua patente de capitão e por sua personalidade (da qual falaremos mais adiante) foi designado para essa região a fim de achar e capturar desertores e guerrilheiros que se opunham ao governo da época.

Evidentemente que Ofélia não gosta do novo padrasto chamado Ernesto Vidal, e ainda sente muita falta do pai. O sentimento de Vidal para com ela é recíproco e a única coisa com o qual ele se importa é com seu filho que está para nascer. Para se afastar um pouco dessa triste realidade, Ofélia, que sempre gostou de livros e fantasia e magia, descobre um labirinto existente na propriedade e enquanto ela desvenda os caminhos desse labirinto (guiada por uma fada é claro) ela conhece o Fauno, um ser místico meio autoritário que lhe passa 3 perigosas tarefas que se cumpridas corretamente, vão liberar o retorno dela ao seu reino de direito onde seus pais a esperam.

A partir daí ela começa a se identificar como a princesa perdida do Reino do Submundo, a princesa Moana. Enquanto Ofélia acredita na historia do Fauno e vai realizando cada uma dessas tarefas, a realidade vai se desenrolando ao seu redor, trazendo a tona muito sofrimento e posso dizer que cada pagina de realidade contrastando com a fantasia de Ofélia é um soco em nosso estomago.

Essa obra prima foi publicada em  2019 pela editora Intrínseca e contem 265 lindas paginas com ilustrações de Allen Williams, esse tesouro é em capa dura e possui um marcador em fitilho sempre útil quando precisamos dar aquela pausa estratégica na leitura.

Vamos no entanto falar mais sobre o desenvolvimento da historia e eu gostaria de focar na narrativa escolhida, um singela versão de narrador onisciente, que por vezes oscila entre as aventuras e fantasias de Ofélia nos entregando quando preciso seu estado emocional para que nos liguemos a ela e passemos junto com ela por todas as descobertas, desconfianças, raivas e sofrimentos.

Como podem notar os autores se utilizaram de inúmeras ferramentas narrativas para a construção do livro, sendo a mais marcantes o monologo interno. Observei também a existência de historias de fundo em alguns momentos bem como a narrativa é muito sensorial em sua descrição, com seus tempos de ação muito bem colocados.

O plot todo é construído sob a estrutura mista do arco dramático e minimalista dos personagens, disposto para o leitor em cronologia linear e contínua, porém sua historia ocorre no passado distante de 1944 em um ambiente realista da Espanha dominada por Franco, cenário que nos ajuda a definir bem a motivação e escolhas dos personagens.

O Labirinto do Fauno, é uma adaptação em livro de filme homônimo que foi escrito, produzido e dirigido por del Toro em 2006, a partir dali veio essa ideia de transformar aquelas imagens em palavras escritas, sim vocês leram certinho, neste caso raro, o filme veio antes do livro e devo lhes dizer que a Cornélia fez um excelente trabalho nessa tradução intermidiática.

Além disso, temos o desenvolvimento do que podemos chamar de conteúdos extras para esta obra magnifica. Esses conteúdos que chamamos de interlúdio funcionam muito bem para contextualizar e nos situar sobre personagens chaves na história central contada, são um respiro necessário e cada um desses interlúdios nos trás uma faceta diferente e um olhar diferente sobre a historia bem como eventualmente a deixa mais triste e melancólica.

Eu sou bem suspeita para falar deste livro, porque eu particularmente saboreei cada pedacinho dele de novo e não me arrependo da releitura, até agora dias depois de terminada a leitura, ainda sofro junto com Ofélia a melancolia do lugar, merece com louvor 9 estrelinhas.

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] A Droga da Obediência – Pedro Bandeira

Todos nós temos um livro que nos remete a infância certo ? OK no meu caso é uma coleção inteira chamado coleção vagalume, mas vamos nos manter em foco ok ? Para o desafio do ano o DLL 2021 do Livreando, escolhi junto este mês exatamente esse tema, Livro Que Remeta a Infância. E foi bem providencial eu ter ganho de natal a coleção que me fez gostar de investigação e que eventualmente me levou ao mestre Arthur Conan Doyle além de é claro de desenvolver minha quedinha especial por livros desse gênero. Estou falando de uma coleção muito especial para mim do Pedro Bandeira, chamada de Os Karas, mais vou trazer para vocês especificamente o primeiro deles : A Droga da Obediência.

Este livro nos apresenta logo de inicio um grupo de 5 amigos colegiais que se reúnem para resolver diversos tipos de problemas, e logo na primeira reunião convocada por Miguel, que é o líder do grupo, e os outros 3 integrantes originais dos Karas: Calú, Crânio e Magri, tem de resolver um problema mais urgente, afinal eles foram descobertos por Chumbinho um dos alunos mais novos da escola e para evitar serem dedurados e desta forma arranjarem mais problemas ainda, o grupo decide aceita-lo imediatamente. O que Miguel não contava, era que o pequeno Chumbinho teria informações vitais sobre os recentes desaparecimentos que viraram noticia nas ultimas semanas, noticias alias, que foram o motivo inicial da reunião dos Karas naquele dia.
Após distribuir as tarefas de cada um, Miguel se vê em um dura decisão ao descobrir que ao delegar uma “pequena e inútil” tarefa a Chumbinho, o pobre menino seria ele mesmo uma vitima da quadrilha de sequestradores. Sem tempo a perder Miguel redireciona os esforços de Crânio a encontrar uma lógica em toda aquela situação, o mais assustador de tudo é que nem mesmo na policia os Karas podem confiar, pelos menos não em qualquer um.
Enquanto Chumbinho tenta bolar uma saída dessa enrascada, vemos através dos olhos dele como funciona a empresa Pain Control e o real proposito dos sequestros. Um plano terrível a maligno esta em andamento e o Dr QI, o cérebro por trás desses crimes não está para brincadeira. Muito se desenrola até que todas as peças de encaixam e os meninos conseguem responder ao mistério de porque, como e onde estão todos os alunos sumidos e qual era o objetivo maligno do Dr QI.

A Droga da Obediência foi lançado em 1984 pela Moderna e de lá houve algumas edições sendo que esta que vos fala leu a mais recente lançada, ou seja a de 2014. Esse pequeno e impressionante livro tem 192 páginas de pura ação, descrição, diálogo, todos inteligentes e bem colocados, é sempre bem interessante ver o arco dramático do enredo ser formado pelos fluxos de consciência e omissões propositais, ficamos eletrizados com a tensão apresentada, isso sem contar é claro as surpresas e plots twists, ferramentas que o autor nem sempre tem consciência que usa. Sem medo posso por o padrão do enredo aqui como um moderado Velocino de Ouro.
Não posso deixar de mencionar a narração, que por si só é bem interessante, pois nos entrega uma espécie de ponto de vista, podemos ver tanto a situação de Chumbinho, como a situação de Miguel e o resto da turma. Quando a gente observa o tempo e o espaço narrativo, logo fica evidente uma trama toda no presente e que se passa em um ambiente geofictício, afinal tenho certeza de que a escola e a fábrica não existem mais como não sabemos a cidade brasileira em que se passa a historia não podemos supor que mesma exista mesmo que meu palpite seja uma São Paulo da vida.

É claro que esse queridinho veio bem a calhar quando eu precisava de uma leitura leve e também cumprir o desafio porque né e fluida completamente dinâmica e que viesse com um toque nostálgico e ele entregou muito bem o que eu precisava, acredite ou não não tenho criticas, pois o foco infanto-juvenil está totalmente completo ali, é simples e direto em sua proposta sem muita enrolação para a ação, as peças são encaixadas no devido tempo além de brincar com nosso senso de investigação.
Único pequeno ponto mais é bemmmmmm pequeno tá vai apenas para os super estudantes mais se eles não fossem não seriam os Karas certo ? Normalmente eu acharia forçado o fato de Magri se uma esperança olímpica e Crânio ser super inteligente e sacar as coisas de uma vez, mais o livro tem uma simplicidade onde isso é completamente aceitável. Certo que essa leitura é indicada para qualquer um que queira dar uma chance aos livros, mas se você olhar muito adultamente para ele, pode achar fraco e sem relevância, ele é absolutamente perfeito para adolescentes, ou para você que quer ter um gostinho da infância de quando lia coleção vagalume. Pela memória maravilhosa e pelo enredo bem desenhado 9 estrelinhas.

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Viver – Yu Hua

De vez em quando a gente precisa de um livro que nos faça refletir certo ? E é basicamente isso que Viver nos trás, mas acho que tenho que explicar um pouco essa questão de reflexão né ?

Viver nos apresenta um artista chines cuja responsabilidade é ouvir, aprender e juntar musicas, historias, lendas e transformar isso numa espécie de compendio cultural, dito isso em uma de suas jornadas ele se depara com  Xu Fugui, um senhor simples que tem muita historia para contar e quem sabe nos ensinar a viver e assim ele o faz.
Fugui nos conta sua historia desde que era um jovem pretencioso, sem senso de fidelidade, que achava que tudo cairia fácil para ele por que o pai detinha uma certa e boa porção de propriedade, até que ele se meteu com jogatina e basicamente ele se tornou responsável pela desonra da família Xu. Casado, com uma filha pequena e mulher grávida do segundo filho, Fugui não tem opção a não ser passar a prover o sustento da própria casa, coisa que até os 20 anos ele não fazia ideia de como. Mas a vida é uma caixinha de surpresas e se você entendeu a referencia , vai perceber que mais nada de bom aconteceu com nosso protagonista a partir dai.
Entre diversas situações delicadas e não imaginadas por ele, nosso humilde fazendeiro, vive a transição da China para o comunismo e a historia dele evolui junto com a situação do país, quando suas terras são tomadas e dividas, quando so ricos são punidos apenas por serem ricos tornando a cada dia a sobrevivência de todos mais sofrida. Temos no final uma verdadeira lição de resiliência e como a gente pode me meio a todas as dificuldades tentar encontrar uma forma de continuar, mesmo que seja através de uma “mentira para ele mesmo”.

Viver foi publicado na China em 1993 em uma espécie de jornal em Shangai, o Harvest, para gente só veio chegar em 2008 pela Companhia das Letras, e eu dou graças a deus por esse achado maravilhoso de 216 paginas e é justamente por ser do Oriente que este livro também foi lido para o desafio DLL2021 do Livreando, como Livro Escrito Por Autor Asiático. A composição dessa obra também tem pequenas características curiosas, primeiro é o fato de na realidade ser o artista despreocupado quem se interessa em trazer para nós essa historia então temos uma narração alternada entre 1 e 3 pessoas e só por trazer um formato diferenciado já ganha pontos comigo.
Todas essa arco dramático que vemos é composto de ação, dialogo, MUITOS REVÉS, com toda uma aparência de flashback, mas não sei se chegaria a tanto. O tempo narrativo eu jogaria como misto pois existe um grande espaço de tempo entre a situação de Fugui contando e a historia de de quando ela se desenrolou, entendo que mistura tanto o presente quando o passado, tudo num ambiente totalmente realista da China e ouso classificar essa obra como Ficção Histórica o que me faz observar que dificilmente um livro de drama ou relacionado a nossa historia vai se encaixar em algum dos padrões de enredos mais usados, afinal creio que a própria realidade histórica seja o padrão de enredo uma vez que deve passar por ela para ter a cena validada

Mas afinal, será que vale a pena ler Viver ? A resposta é SIM! A mensagem que Yu Hua nos trás aqui é simples e direta e é fato que a maioria de nós provavelmente não conseguiríamos lidar com tudo que ele lidou. A reflexão contida nessa obra é extremamente pertinente além de ser rápido e fluido na escrita, mas não é para novatos! Então caro leitor, se estiver iniciando o mundo literário por agora.. pode ser que ache um livro não tão bom assim.. mas eu sempre vou ser a favor pelo menos da tentativa e como Viver me emocionou vai ganhar 9 estrelinhas.

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Santo Guerreiro – Roma Invicta – Eduardo Spohr

Hoje a gente vai falar de um nacional muito esperado desde seu anuncio, faz alguns anos que Eduardo Spohr está trabalhando em algo novo e finalmente pusemos as mãos nessa belezinha que é Santo Guerreiro: Roma Invicta, honestamente não sei qual deles é o nome da trilogia e qual deles é o titulo do volume 1 tá ok, na realidade ele era pra ser lido ano passado mais né vamos fingir que não sabemos disso.
Santo Guerreiro vai iniciar a historia de Georgios Anicio Graco, futuramente conhecido como São Jorge e é interessante ver que antes de saber sobre ele, precisamos saber sobre seus pais, então logo de inicio somos apresentados a Laios e Polycronia que se conhecem na decisiva batalha dos romanos contra os palmirenses na revoltosa cidade de Palmira onde a rainha Zenóbia ainda resistia bravamente. Laios é peça decisiva nessa batalha e por conta disso recebe alguns “privilégios” do então césar romano Aureliano acho que para ele acho que nunca foram privilégios mas nem tudo são flores e quando ele assumir o cargo de magistrado em Lida, uma pequena cidade perto de Jerusalém e é nesta cidade que nasce Georgios nosso protagonista.

Apesar de contar com os favores do césar, a vida dos Graco não foi necessariamente fácil durante esses 15 anos pois a constante batalha politica no Senado drenava as energias de Laios e seu “colega” Ras Drago não ajudava em nada nessas questões, afinal por mais pacato que fosse viver em Lida, o sangue de Laios clamava por batalha e assim ele eventualmente tem seu desejo atendido por livre e espontânea pressão. Os Gracos nesse meio tampo são literalmente traidos e obviamente Georgios passará por muito coisa até conseguir entrar na escola dos legionários da Nicomédia, onde seu maior desejo é integrar a Legião Fulminante antigo legado de seu pai, entre as adversidades, ele aprende um pouco de medicina, salva escravos e um pouco mais entre elas diversos traumas que olhando futuramente devem ser o fator motivador dele virar quem deve ser e fator motivador para sua revanche.

Santo Guerreiro é um pouco grandinho e pode ser inserido no campo calhamaço facilmente, com 588 páginas foi impresso pela Editora Verus em 2020. Claro que esse livro faz parte do meu DLL de 2021 e o tema em que eu o encaixei foi – Um Livro que Deveria ser Lido em 2020 –
Agora que falamos sobre o resumo e apresentamos um pouco do livro queria trazer a forma original como essa historia nos é entregue e já lhes digo que isso é a parte mais interessante do livro. Eduardo escolhe nos apresentar nesta ficção histórica, 2 personagens que estão trocando cartas ente si sobre a possibilidade de surgir essa “biografia” de Georgio, um formato surpreendente por mesclar a narrativa em 1 e 3 pessoa, e pasmem os personagens APENAS são Helena de Constantinopla, também conhecida como Santa Helena e Euzébio de Cesareia conhecido bispo e historiador palestino
Essa narrativa essa cheia de descrições, ação, diálogos com porções de fluxo de consciência, tensão e algumas surpresas e muito monólogo interno, possui a estrutura narrativa de arco dramático e está dividida em 3 tomos intercalados por cartas sendo e certamente pode ser encaixada facilmente em um padrão de enredo Cara com Problema, já que Georgios passa por muita coisa inesperada e isso indiretamente acaba formando quem ele vai se tornar no futuro.
O tempo é o mesmo da historia entregue pelas cartas, apesar de a cartas se passarem depois do acontecimentos narrados, ou seja, se passam no passado e quando digo passado é nosso passado mesmo cerca de 200~300 anos DC ( aliás daí vem o gênero ficção histórica, usar fatos reais e documentados junto com personagens fictícios. Então vocês, leitores expertos já inferiram que o espaço narrativo é realista, mesmo que toda nomenclatura usada fosse a da época, são lugares que existem, apenas possuem outro nome como por exemplo a Nicomédia que hoje seria parte da Turquia.

Finalizando essa enorme resenha, vamos finalmente ao veredito de Helena, no caso eu não a de Constantinopla, a história demora um pouco a engrenar até chegar onde realmente queremos e esse sentimento está inserido dentro do próprio livro, apesar disso entendo a escolha de Flavia Helena ( ou seria de Eduardo Sporh ?) de começar com os pais do protagonista, é aceitável até, mas uma divisão inteira sobre o assunto se torna meio cansativo, existe uma hora que a gente já entendeu de onde vem a confiança de Georgios e quase sente que o que é contado não é necessário, eu disse QUASE tá.
No final a gente sente que desenrola e só toma um baque com o final, eu me senti o Jonh Travolta em Pulp Fiction: é o que ? acaba aqui ? temos que esperar o segundo agora? Ficou meio sem conclusão que nos deixe relativamente tranquilos…Então de aqui já sugiro, se você não suporta esperar e quer saber TUDO, melhor esperar a trilogia estar completa, temos ainda 2 livros a serem escritos, Ventos do Norte e Império do Leste.
De forma geral, eu gostei muito do desenvolvimento do protagonista e do enredo e posso dizer que espero que sejam mordidos pelo mosquito da pesquisa, não sei para vocês, mas quando descubro um pequeno fundo de realidade nos livros começa a pesquisar sobre e vou encontrando assim os vários pontos de conexão e é justamente isso que esse livro tem, atentem que quase todos personagem ( se não todos pois não pesquisei) são reais e ver que realmente fizeram os atos do livro me empolga muito então essa obra leva 8 estrelinhas

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Memórias de Minhas Putas Tristes – Gabriel Garcia Marquez

Hoje vai ter resenha tripla para vocês \o/..o que um desafio literário + preguiçinha básica não fazem com a gente né o post é para o Desafio do Livreando 2021 esta é uma resenha de Um Livro Que Leu em Um Dia =D então vamos ao que interessa e o resto não tem pressa !

Primeiro devo explicar que muito alegremente faço parte de um grupo de leitura no whats – o Clube de Leitura do Gabo e este clube é principalmente voltado para ler o livros do Gabriel Garcia Marquez, aka Gabo, é claro que muito espertamente eu encaixei a leitura de Janeiro do clube com o Desafio e voilá 2 coelhos com uma caixa d’agua só. Neste livro vamos conhecer a historia de um cronista do tipo bon vivant, solteirão a vida inteira que jamais quis uma relação profunda ou duradoura com alguém, eis que o sábio triste decide que em seu aniversario de 90 anos ele merece uma boa e merecida noite de amor, igual ao seu auge dos 20 anos, com muito esforço e ajuda de uma conhecida cafetina eles conseguem o acerto, porém no dia D e na hora H, nada acontece !

Ao invés de se aborrecer, afinal ele já esperava que algo assim pudesse ocorrer, ele se espanta pelo fato de que apenas observa-la dormir foi suficiente e a partir dali tudo passa a girar em torno de sua “Degaldina”. Suas crônicas semanais ganham um tom mais romântico e todas as economias são para ela e para o lugar onde se encontram quando dá! Essa “relação” impacta tanto nosso nonagenário, que ele passa a ver Degaldina em todos os cantos da casa e aos poucos seus devaneios nos mostram um pouco de seu passado e de seu real medo a respeito do casamento. Não muito tempo depois coisas adversas fazem com que o cronista e sua Degaldina se separem e quando o reencontro corre não é a melhor dos acontecimentos e só depois de muito entendimento e explicação ele entende e decide enfim dar tudo o que na opinião dele ela merece.

Memórias de Minhas Putas Tristes é um livro super curtinho de apenas 128 páginas e que foi publicado em 2004 na Colombia, aqui pra nós ele só cheio em 2005 pela Record e foi minha primeira experiência com o Gabo, e devo admitir que o estilo de escrita dele é bem diferente do que estou acostumada e não atrapalhou a leitura de forma nenhuma, mais deixou mais difícil de tentar encontrar as partes do livro depois, já que Gabo não escreve separando seus diálogos, são todos seguidos sem travessão. O melhor ganho definitivamente foi a narração em primeira pessoa, com a perde de a gente jamais saber o lado de Degaldina a respeito dessa historia, mas acredito que tenha sido justamente essa a intenção dele.

Utilizando das ferramentas narrativas mais convencionais como ação, muita descrição e diálogos não temos muitas surpresas reveladas, mais gosto de saber que uma tentativa de tensão na historia, é claro que sabemos que essa noveleta é eu gosto de chamar romances curtos assim não deixa tanto espaço assim para grandes reviravoltas, e a simplicidade da narrativa é realmente cativante, já quando falamos em tempo e espaço narrativo, não temos muitas informações mais é seguro dizer que o espaço narrativo é um misto de realista com fictício e deve ser fortemente baseado nas cidades colombianas, bem como o tempo narrativo eu colocaria no passado.

Só que eu sei que o que vocês realmente querem saber é, indica ou não? ou que você Helena achou deste livro e qual foi sua experiência. Como eu já mencionei, a forma de escrever do Gabo poderia ser o motivo pelo qual não me envolvi tanto com a historia, mas honestamente eu sei que foi o protagonista e também sei que foi a “mocinha”, a minha opinião sobre o livro é baseada estritamente no fato que não achei certo desde o inicio o contexto da coisa toda… se eu fosse politicamente correta teria abandonado o livro por que o mesmo faz apologia a pedofilia, e no fim é isso mesmo sabe…e só esse fato me deixou extremamente reticente sobre toda o resto da historia, honestamente a frase final de Rosa sobre Degaldina não me convenceu nenhum um pouco, e acho que no final o titulo faz jus ao nome.. é bem triste. Como não me convenceu esse livro ganha 6 estrelas por que apesar do tema ele é bem escrito isso eu jamais me negaria a dizer !

⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Sombras da Noite – Stephen King

E se um dia, os caminhões dominassem as estradas e a humanidade ? E se alguém inventasse um novo jogo de guerra com mini bombas nucleares de verdade ? E se o bicho papão realmente existisse.?.. Você já pensou no que faria caso alguma coisa desse tipo acontecesse ? Stephen King já e o que ele pensou é assustador ! Neste livro encontramos um coletânea de 20 contos escritos pelo nosso amado Mestre do Terror, e cada uma deles obviamente trabalhada um tipo diferente de medo que nos assola, o prefácio já começa show de bola nos trazendo verdades sobre como gostamos de flertar com o mórbido.

Começamos com um conto sobre Jerusalen’s Lot, uma cidade bastante conhecida por seu destino descrito em outro livro do mestre ( só pra deixar claro estou falando de Salen’s Lot), este conto é seguido por um que se passa no universo de Dança da Morte, nos mostrando um grupo de adolescentes irreverentes, logo mais encontramos o conto que em inglês que dá nome à coletânea, Ultimo Turno mostrando o quanto é absolutamente surreal lidar com ratos gigantes e um chefe ignorante, outro conto nos fala sobre alienígenas que tomam nosso corpo e claro um conto com ritual de magia negra feito inconscientemente e que trás vida a uma maquina de passar roupa. Seguindo na coletânea, lemos sobre o bicho papão e esta historia é sinistra demais, seguida por uma mais nojenta onde um homem é consumido por um fungo, a historia mais divertida certamente é a do mini guerrilheiros e seu ataque ao mercenário, claro que não se compara aos caminhões sobrepujando a humanidade.

Em seguida o tem uma intrigante historia sobre assassinatos em um campus de faculdade sempre que ocorria uma nevoa estranha, o próximo conto é sobre um cortador de grama com vida própria, absolutamente insano mas nada comparado ao que a instituição que te ajuda a parar de fumar faz por você, ou melhor com sua família caso não siga as regras. Ainda mais assustador éter um cara que sempre parece saber o que você quer.. ate que se descobre como ele faz isso.. afinal vodu é pra jacu certo ?
A coletânea finaliza com mais 5 outros contos, tão assombrosos quanto os demais começando com uma seita absolutamente estranha de crianças que vivem num milharal, conto este que tem adaptação de filme , seguido por um conto que trata de confiança e de comunicação entre irmãos, mais um conto sobre assassinato este guiado pelo “amor” e finalmente um sobre grandes e graves decisões.

Essa coletânea show de bola foi publicada e 1978 e conta com 388 paginas entre todos os contos , nem preciso comentar que o processo de escrita do King é genial e ainda me admito com a capacidade dele de transformar qualquer coisa em um historia seja ela de terror, horror, suspense ou mesmo um drama com tudo isso junto e misturado, mas não significa que eu tenha gostado de todos os contos é claro… admito que alguns foram maçantes, outros não fizeram sentido algum, alguns me fizeram pensar e muito e certamente teve uns que pensei WTH, mas de forma geral gostei da habilidade demostrada em trabalhar com qualquer coisa e nos dar uma historia e eu pessoalmente sou bem suspeita pois gosto muito de Stephen King, mas não passo a mão na cabeça.. Esta coletânea por exemplo só ganha 7 estrelas, sendo o melhor conto apresentado o Eu sou o Portal junto com Campo de Batalha e o pior sendo A Mulher no Quarto junto com Ondas Noturnas

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Para Sir Phillip com Amor – Os Bridgetons – Julia Quinn

Olar meus queridos !

Hoje vamos falar sobre o quinto da série dos Bridgertons, essa série mais que amorzinho que esta dominando as paradas literárias, mas vamos devagar e do começo ok ?

Neste livro vamos conhecer a história de Eloise Bridgerton, personagem já conhecida nossa dos outros 4 livrinhos que contam a historias de seus irmãos mais velhos, Daphne, Anthony, Benedict e Colin. Nesta fase da série, Eloise já passou algumas temporadas no mercado casamenteiro em Londres e nunca encontrou um par perfeito, a Mamãe Bridgerton praticamente desistiu de casar a moça, mas neste livro a visão é quase toda da Eloise e mal vemos seus irmãos. O enredo começa exatamente ou quase onde o livro anterior termina, ou seja, com ela fugindo! Sabemos que ela estava um pouco estranha e sabemos que tem haver com cartas, cartas para um tal Sir Phillip..e é quando Eloise cria coragem para conhecer a única pessoa que realmente chamou a atenção dela em termos de personalidade e que ousou pedi-la em casamento sem nem a conhecer. A possibilidade de uma ventura era boa demais para ser verdade e expectativa era excelente, pena que ela esqueceu que avisar para ele que estava chegando o que torna a experiência da surpresa algo bem dramático para nossa mocinha quem sabe apaixonada

Obviamente o choque da realidade chega e Eloise se depara com um homem muito difrente do que ela havia imaginado, mas esse homem a esse homem ainda é o que ela acha que precisa em sua vida. Muitas surpresas e desafios aguardam esse casal meio inesperado, Eloise facilmente aprende a lidar com os filhos pestinhas de Phillip, bem como ele percebe que ela era bem mais do que ele poderia ter esperado para tomar as rédeas da casa. A semana que passa no campo faz Eloise entender melhor como foi a relação de Marina e Philip e depois de uma impetuosa entrada dos Cavalheiros Bridgertons Salvadores de Reputação, Eloise acaba por perceber que aquela pode muito bem ser a vida que sempre quis e que Phillip apesar de temperamental e bruto é extremamente bonito e realmente precisa dela ao seu lado para domar os pestinhas e quem sabe ser finalmente feliz em um relacionamento.

Well, chegou a hora de gente olhar diferente para esse livro e ver ou tentar ver né como a escrita foi desenvolvida e tudo mais. Já de cara posso dizer que eu pessoalmente sou fã das quebras que a Júlia faz nos livros e a quebras destes são super interessantes apesar de relativamente aleatórias, a narração tanto pelo ponto de vista da Eloise como do Phillip também acaba deixando tudo mais interessante. O livro conta com 288 páginas leves e fluidas tornam a leitura muito rápida e prazerosa.

Acaba que não vemos muitas técnicas além da descrição, ação e muitos diálogos, as melhores cenas são claramente Eloise domando os gêmeos, mentira todos sabem que as hot são as melhores cenas e mesmo sabendo que o gênero não exige muita complexidade, admito que sinto falta de alguma astucia maior dos personagens, é claro que temos tensão e surpresa como elementos diferenciados O tempo narrativo escolhido é aquele que a autora mais domina, o passado e eu gosto de pensar que muita coisa que ela escreve é real querer não machuca né ? e o ambiente realista faz jus a pomposidade da época apesar de agora vermos muito mais do campo do que da cidade de Londres.

Minha curiosidade agora é sobre a Eloise da série da Netflix, pois aquela personagem quer muito mais da vida do que a sociedade em que ela vive permite, sinceramente não a vejo fugindo atrás do príncipe encantado, seduzida pela possibilidade do casamento. Já e Eloise dos livros quer sim casar, apenas se reserva no direito de escolher o melhor e o cara certo, não vemos toda essa questão de liberdade, apesar dela mesma admitir que o campo lhe oferecia muito mais dessa liberdade. Mas esse é um problema não pra mim, não para você e sim para Netflix alou quede segunda temporada ?.

Mas a honestidade senhoras e senhores ? é que o livro é bem ok… adoro romances leves e fofinhos principalmente para descansar a mente quando leio algo mais pesado…e os livros da Julia são um balsamo nesse quesito, porém é sempre mais do mesmo, a mocinha ou mocinho que se apaixona por alguém inesperado e seus dramas para ficarem juntos intercalados com sedução como se isso fosse suficiente para definir todo um relacionamento. Todos sabemos que a vida a dois é muito mais complexa do que isso e que nem tudo se resolve na cama, mas correndo o risco de soar hipócrita, eu admito que devorei ele em um dia =D.. as coisas que o tempo livre faz por você então apesar de clichê, sejamos honestos não tem como não querer saber todas as historias da família mais querida de Londres, dou pra esse livro 8 estrelinhas

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

Antes de ir é bom lembrar que estou fazendo o desafio literário do Livreando então esta é a primeira resenha do primeiro mês do DLL21: Um Livro Escrito Por Uma Mulher ! E força na peruca que vem mais resenha por ae !

[Resenha] Verity – Colleen Hoover

Em Verity vamos conhecer Lowen Ashleigh uma escritora mediana que por conta de cuidados médicos com sua mãe está em apuros financeiros, justamente nesse momento um oportunidade incrivel se apresenta: terminar uma série de livros já famosos e escritos por uma famosa escritora, ninguem mais ninguem menos que Verity Crawford
A situação inicial é constrangedora pois não é a propria Verity quem propõe a cooautoria e sim seu marido Jeremy, uma vez que na real ela está impossibilitada de qualquer coisa, afinal Verity está em profunda recuperação após um acidente de carro.
Lowen decide então passar 2 semanas na casa dos Crawford, para fazer a pesquisa necessária para que os livros sejam escritos e enquanto organiza sua vida financeira e suas ideias, ela encontra um autobiografia no meio das coisas de Verity e através desse projeto que Lowen descobre que a familia Crawford é cercada por tragédias mas nada a prepara para a carga emocional que a aquele livro carrega e as verdades crueis que ele revela
Que tragedias circundam essa familia ? Os pensamentos de Lowen a respeito de Jeremy são corretos ? Qual a real condição de Verity ? Afinal foi uma boa idéia aceitar a proposta ?

Lançado em 2018 nos EUA pela Houver Ink e aqui no Brasil em 2020 pela Galera Record este livro de 333 paginas (curto né?) nos apresenta de forma não convencional uma narrativa em primeira pessoa, vemos a historia toda pelos olhos da Lowen o que claro não nos deixa saber os pensamentos dos outros personagens envolvidos na história, com um padrão de enredo meio mesclado entre motivo de crime e amor e amizade, já que o centro todo da obra é justamente a tensão desenvolvida entre Lowen e Verity e Lowen e Jeremy.
Analisando bem de perto, posso dizer que ela é estruturada no que chamamos de arco dramático, com todo o desenvolmento e encerramento da história bem amarradinho.
O livro tem um desenvolvimento cronológico linear e é dividido de forma bem capciosa: temos 25 capitulos de historia e outros 15 capitulos que seriam da biografia de Verity, onde claro vemos as arma da Collen para nos manter entretidos, leitura esta que possui muitas surpresas e tensão. Tudo isso num cenário apavorante de uma casa imponente porem sombria em algum lugar a umas horas de Nova York, o que já indica que esse cenário é geoficiticio né personas.

Mas vamos ao que importa não é mesmo? O que este livro me fez passar não está no gibi meu caros leitores…tenho que admitir que Coollen soube nos fazer comer o papel ou o Kindle como preferir… a narrativa é realmente envolvente e tem uma idéia principal bacana…PORÉM…sempre tem um porém... todo o clima criado para entendermos melhor a historia é totalmente jogado no lixo com o epílogo. Collen porque cê faiz issu ? Admito que diversas vezes me caguei todinha lendo o livro e a atmosfera da casa me perseguiu por diversas vezes, só que no final tudo virou fumacinha. Reforço aqui que ela podia ter trabalhado muito mais o Crew ou mesmo a enfermeira creppy que cuidava da Verity, achei a construção do relacionamento entre a Lowen e o Jeremy convincente até porém levemente forçado. Então o resultado é amo mais odeio entenderam ? A sensação que tive lendo o livro é: de ser feita de trouxa! E essa sensação não é bacana abiguinhos mas, porém, contudo, todavia, no entando… o enredo proposto prende a atenção sim, então vale a leitura sim senhor! Quem sabe você fica com uma ideia diferente da minha né ? Minha avaliação final é 7 estrelinhas !

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] O Vilarejo – Raphael Montes

O Através do Livros de hoje foi inspirado na vibe Halloween, portanto é sobre Terror boahahaha.

Neste pequeno e inocente humrum inocente, sei.. livro, um rapaz herda de alguma forma um livro estranho escrito em uma língua antiga, completamente ignorante do que realmente tinha em mãos, seu primeiro pensamento é bem lógico: traduzi-lo ! Até aí tudo bem, mas quando as poucas pessoas que possuem o conhecimento necessário da língua para tal, entre eles um padre, se recusam a traduzir o livro, ele não vê outra saída além de trabalhar pessoalmente na tradução obra.
O que ele descobre é que aquele livro compila as historias de um vilarejo distante e esquecido, onde repousa um grave TABU em torno de seu desaparecimento e veracidade, o rapaz dá o seu melhor para organizar essas historias de forma mais lógica e ordenada possível.

O primeiro conto é sobre Felika que é casada com Anatole e sobre como ela se virou para sua família não morrer de fome, mesmo que ela tenha recorrido aos vizinhos para isso e talvez tenha exagerado um pouco na reserva de comida.
O segundo conto é sobre Vonda e sua irmã mais velha Valia e seu namorado e sobre como ela sistematicamente planeja rouba-lo e de como por fim ela acaba se safando colocando a culpa em sua irmã gêmea.
O terceiro nos conta história do negro Mobunto e sobre a inexplicável atitude que Helga, a viúva do capitão da cidade, passou a ter com ela e sobre como sua visão deturpada de que ele não fazia nada direito, acabou atiçando Mobunto e indiretamente o obrigando a tomar medidas drásticas para se ‘libertar’ das atrocidades que ela fazia com ele.
O quarto conto é a sobre Mikhail e Jaketerina e como as ações dele levaram a moça a virar prostituta nas cidades, mais como diria Joseh Climber, a vida é uma caixinha de surpresas.. E quando anos depois ela reencontra Mikhail, fez ele pagar a dívida com juros.. muitos juros
No quinto relato, Ivan o mais reconhecido ferreiro da região nos mostra a verdade por trás de sua produtividade e sobre como sua história está entrelaçada com a de Helga e Mobunto e também com a de Félika
Estamos finalizando e o sexto texto do livro trás a historia de Branka e de sua neta, lemos as condições de vida e alimentação que a menina passava e descobrimos como ela retribui todo o cuidado que sua vó tinha com ela, tratando dela exatamente como ela era tratada.
Finalmente o sétimo conto é sobre Anatole, o marido de Félika, quando ele enfim retorna da caça para suprir sua família, encontra tudo em ruínas e descobre o que sua esposa fez… Também neste nós é revelado quem estava pro trás de todas as histórias descritas no livro e como todas elas no final estão relacionada entre si.

Essa gracinha de apenas 109 páginas foi lançado pela Suma de Letras em 2015 e pasmem senhores é NACIONAL.
Raphael Montes é um dos nomes mais aclamados nos ultimo anos da nossa literatura atual e claro faz jus a isso, sua escrita é extremamente fluída e prende nossa atenção quase instantaneamente, mesmo em temas tão “preocupantes” como terror e demônios. De pesquisa para este post percebi que o Raphael tem uma tendência ao gênero terror e suspense, como ainda não li nenhuma obra dele Jantar Secreto que me aguarde, não tenho como falar com propriedade, mas que o homem está virando referencia no gênero isso está né.
Estruturalmente falando, achei fantástico ele jogar para o leitor decidir a ordem de leitura e tentar decifrar a qual pecado cada historia se refere, mas fantástico ainda é a gente ver mini arcos dramáticos se unirem para fazer um arco maior e mais complexo. A utilização do o revés e as surpresas sem contas, as ironias dramáticas e as omissões estrategicamente inseridas entre os contos vão nos ajudando a montar o quebra-cabeça maior que é essa história.
Juro que tentei encaixar a historia como um todo em um padrão de enredo pra ver se entendia a jogada do autor… mais não vi que as historias tenham se encaixado nos padrões que conheço, meio brochante admito mais quem sabe a gente não está presenciando a criação de um novo padrão de enredo heim ?

Eu pessoalmente curte muitíssimo essa leitura e o rapaz conseguiu uma fã de sua escrita sim, pretendo procurar outras obras e acompanhar os trabalhos dele, afinal a gente também tem que valorizar nossos autores.. tem muito gente competente por aí apenas esperando um oportunidade ! Como não podia deixar pras trás.. vai 8 estrelinhas pra essa historia bem montada !

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Matadouro 5 – Kurt Vonnegut

Billy Pilgrim é um veterano de guerra sobrevivente da catástrofe de Dresden que ocorreu bem no finalzinho da 2 guerra mundial ! Tudo estaria bem a não ser pelo acaso de que Billy adquiriu uma curiosa e inescapável capacidade de estar solto no tempo.
Vamos vendo ele se deslocar entre os momentos importantes de sua vida, como um mero observador, passamos por seu casamento, casamento da filha, mas o cenário maior se desenvolve exatamente enquanto ele esteve preso em Dresden até sua passagem em um zoológico alienígena, onde pasmem ele fazia par com uma renomada estrela de Hollywod. Para Billy tudo estava bem, nada fora do padrão, apesar de todas as situações estranhas que ele passou/passava/passaria.
Por conta da guerra ele ficou alguns anos em um hospital psiquiátrico conhecendo pessoas de gosto duvidoso e que realmente precisavam estar naquele lugar porque ele tendo visões de outras épocas de sua vida não se encaixa como distúrbio mental né abiguinhos. Continuamente solto no tempo, ele pula de etapa em etapa de sua vida sem necessariamente lembrar de estar presente naqueles momentos, o mais marcante deles, era a abdução alienígena por que não ? não é mesmo. Aliás para Billy, todos deveriam saber sobre Tralfamadore, ideia que é claro constantemente rebatida por sua filha.

Senhores se vocês esperam linearidade e uma historia coesa, não é neste livro que vão encontrar, não mesmo. Começamos a historia com um narrador personagem que não tem nenhuma ligação com Billy, porém nos demonstra a motivação para se escrever sobre a guerra e onde ele conseguiu os detalhes que usou no livro ( Kurt você não engana ninguém sabemos que era você ali…)
Lançado originalmente em 1969 pela Delacorte lá nos Estados Unidos, esse livro só veio chegar no Brasil por volta de 1971 pela editora Artenova, mas a Intrínseca lançou uma edição bem bonitosa pra comemorar os 50 anos da obra, inclusive eu li nela.

Encontramos nesta obra o gênero ficção cientifica, totalmente escrita no estilo anti estrutura, alias é muito raro encontrar essa estrutura de escrita home em dia, com uso e abuso do flash back e ouso escrever que flashfoward também, tem temos o básico de ação, descrição e contextualização. Os cenários em que a historia se passa são bem misturados entre as opções geoficticios, fictícios e realistas. Eu nem vou tentar por ele em um padrão de enredo porque não é o tipo de obra que pode ser classificada em um padrão ( e tenho dito !)

Mas ok, o que vocês querem mesmo saber é se vale a pena ou não essa historia certo ? Vou lhes adiantar que desde A Mão Esquerda da Escuridão da Ursula K Leguin, eu já sabia que essa tipo de livro não era minha praia, nem por isso vou abrir mão de um bonito desafio né, afinal a gente sempre pode ser surpreendido lendo um livro ! Então quando vi que ele seria uma antiestrutura, eu respirei fundo e apreciei o que pude dele, engasguei sim um pouquinho nele e admito que tive vontade de deixa-lo para trás diversas vezes… Não posso negar que a sátira contida nessa obra é bem visível, achei ele engraçado em alguns pontos outros realmente me incomodaram, mais por questões pessoais do que por qualquer outra coisa nada especifico do livro. Só que fiquei com sentimento de não entender muita coisa do que Kurt gostaria de ter nos passado, não consigo identificar para o quê ele queria nos abrir os olhos entendem.
Enfim, amantes da ficção cientifica são raros e em sua forma bruta mais raros ainda, se você querido leitor faz parte desse time certamente vai gostar e até rir um monte com esse livro ! Mas talvez você não deva embarcar nele se não é fã de sátiras mais pesadas, ou mesmo sensível a determinados temas assim como eu. Isso claro torna muito mais difícil indicar a obra, apesar de edição linda o conteúdo realmente não foi bem digerido por mim e por fim só me resta a avaliação geral

⭐⭐⭐⭐⭐⭐

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