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Categoria: Classico

[Resenha] Memórias de Minhas Putas Tristes – Gabriel Garcia Marquez

Hoje vai ter resenha tripla para vocês \o/..o que um desafio literário + preguiçinha básica não fazem com a gente né o post é para o Desafio do Livreando 2021 esta é uma resenha de Um Livro Que Leu em Um Dia =D então vamos ao que interessa e o resto não tem pressa !

Primeiro devo explicar que muito alegremente faço parte de um grupo de leitura no whats – o Clube de Leitura do Gabo e este clube é principalmente voltado para ler o livros do Gabriel Garcia Marquez, aka Gabo, é claro que muito espertamente eu encaixei a leitura de Janeiro do clube com o Desafio e voilá 2 coelhos com uma caixa d’agua só. Neste livro vamos conhecer a historia de um cronista do tipo bon vivant, solteirão a vida inteira que jamais quis uma relação profunda ou duradoura com alguém, eis que o sábio triste decide que em seu aniversario de 90 anos ele merece uma boa e merecida noite de amor, igual ao seu auge dos 20 anos, com muito esforço e ajuda de uma conhecida cafetina eles conseguem o acerto, porém no dia D e na hora H, nada acontece !

Ao invés de se aborrecer, afinal ele já esperava que algo assim pudesse ocorrer, ele se espanta pelo fato de que apenas observa-la dormir foi suficiente e a partir dali tudo passa a girar em torno de sua “Degaldina”. Suas crônicas semanais ganham um tom mais romântico e todas as economias são para ela e para o lugar onde se encontram quando dá! Essa “relação” impacta tanto nosso nonagenário, que ele passa a ver Degaldina em todos os cantos da casa e aos poucos seus devaneios nos mostram um pouco de seu passado e de seu real medo a respeito do casamento. Não muito tempo depois coisas adversas fazem com que o cronista e sua Degaldina se separem e quando o reencontro corre não é a melhor dos acontecimentos e só depois de muito entendimento e explicação ele entende e decide enfim dar tudo o que na opinião dele ela merece.

Memórias de Minhas Putas Tristes é um livro super curtinho de apenas 128 páginas e que foi publicado em 2004 na Colombia, aqui pra nós ele só cheio em 2005 pela Record e foi minha primeira experiência com o Gabo, e devo admitir que o estilo de escrita dele é bem diferente do que estou acostumada e não atrapalhou a leitura de forma nenhuma, mais deixou mais difícil de tentar encontrar as partes do livro depois, já que Gabo não escreve separando seus diálogos, são todos seguidos sem travessão. O melhor ganho definitivamente foi a narração em primeira pessoa, com a perde de a gente jamais saber o lado de Degaldina a respeito dessa historia, mas acredito que tenha sido justamente essa a intenção dele.

Utilizando das ferramentas narrativas mais convencionais como ação, muita descrição e diálogos não temos muitas surpresas reveladas, mais gosto de saber que uma tentativa de tensão na historia, é claro que sabemos que essa noveleta é eu gosto de chamar romances curtos assim não deixa tanto espaço assim para grandes reviravoltas, e a simplicidade da narrativa é realmente cativante, já quando falamos em tempo e espaço narrativo, não temos muitas informações mais é seguro dizer que o espaço narrativo é um misto de realista com fictício e deve ser fortemente baseado nas cidades colombianas, bem como o tempo narrativo eu colocaria no passado.

Só que eu sei que o que vocês realmente querem saber é, indica ou não? ou que você Helena achou deste livro e qual foi sua experiência. Como eu já mencionei, a forma de escrever do Gabo poderia ser o motivo pelo qual não me envolvi tanto com a historia, mas honestamente eu sei que foi o protagonista e também sei que foi a “mocinha”, a minha opinião sobre o livro é baseada estritamente no fato que não achei certo desde o inicio o contexto da coisa toda… se eu fosse politicamente correta teria abandonado o livro por que o mesmo faz apologia a pedofilia, e no fim é isso mesmo sabe…e só esse fato me deixou extremamente reticente sobre toda o resto da historia, honestamente a frase final de Rosa sobre Degaldina não me convenceu nenhum um pouco, e acho que no final o titulo faz jus ao nome.. é bem triste. Como não me convenceu esse livro ganha 6 estrelas por que apesar do tema ele é bem escrito isso eu jamais me negaria a dizer !

⭐⭐⭐⭐⭐⭐

[Resenha] Tieta do Agreste – Jorge Amado

Estamos na ficcional Santana do Agreste na real Bahia e o livro começa nos explicando o motivo da fuga de Tieta, motivo este que chega a ser bem óbvio – menina rebelde e sem rédeas, irmã delatora e pai extremamente bravo fez toda a receita. Anos se passam e após meses sem noticias para a família, todos esperam o pior quando na realidade o que ocorre é a volta da filha pródiga. Tieta volta e para todos é uma menina de sorte que casou com um ricaço que infelizmente a deixou viúva ela então decide que precisa de férias em sua terra natal, mostrar que pode ser generosa apesar de não o terem sido com ela no passado.

Antes a historia fosse apenas isso, em meio a todo o caos o progresso quer andar e chegar até no interior da Bahia e Tieta faz o que pode com sua influencia poderosa que tem origem em São Paulo, influencia essa que acabamos por perceber serem de outras naturezas. Vemos várias historias se entrelaçarem e vários temas importantes como progresso, manipulação politica e preconceito serem discutidos.Mas absurdo no entanto é o envolvimento de Tieta com seu sobrinho mais velho, ela bem que tenta ficar longe mais Ricardo é bem tentador e aqui temos mais um ponto chocante para os leitores da época.. imaginem só Tieta é uma cortesã (falei bonito né? prostituta acho que fica mais claro)

A cidade é cheia de seus segredos e a politica se mistura com sentimentos, o inocente prefeito não percebe a manipulação para que ele ceda o paraíso aos capitalistas e Tieta persiste em ficar de fora dessa briga. As irmãs de Tieta cada uma a seu jeito querendo se aproveitar da riqueza dela. O resultado é claramente desilusão amorosa e progresso que nunca chegou a cidade. Eventualmente toda historia de Tieta é revelada e ela por fim decide que afinal visitar sua terra foi um erro !

Esse nacional muito chocante foi lançado em 1977 pela Companhia das Letras Analisando dentro da nossa ampla língua portuguesa, identifiquei pontos relevantes como por exemplo a narração em 3ª pessoa bem do tipo onipresente aquele que sabe tudo, com as interrupções do autor em 2ª pessoa. Acabou que por conta dessas interrupções ficou com um formato extremamente curioso (é de analisar se era padrão do Jorginho). Procurei muito e na qualidade leiga de letras em português percebi que não se encaixa em nenhum padrão de enredo que eu conheça.

Um obra com muito dialogo e descrições precisas das belas praias da Bahia também encontramos muita contextualização e talvez pela primeira vez uma ironia verbal e algumas pitadas de flashback. Encontramos uma estrutura bem mista entre arco dramático e minimalista e um tempo narrativo linear e no presente que decorre em dias semanas e meses obviamente em um cenário geoficticio

No impacto literário pessoal (ou seja na minha opiniãoooo) esse livro é diferente de várias formas, primeiro que não me lembro de ter tido muito contato com literatura brasileira que fosse nesse formato que vou chamar de excêntrico.

Os temas que essa obra trata são intrigantes e passiveis de extenso pensamento sobre como somos conduzidos como massa votante.
Vou pular a parte safada do livro pois a mim me parece muita forçação de barra do Jorge Amado no relacionamento deveras estranho da Tieta com seu sobrinho e de como obviamente isso afetou como pessoa veja bem não discuto o formato de vida dela e nem como ela decidiu viver mas ainda sim uma forçação!
A parte politica acredito eu que nunca mudou e percebi um estranho fundo de verdade em como tudo funciona até nos dias de hoje. Me ressenti de não ter trabalhado muito o preconceito mais acho que pela época era esperado que ficasse por isso mesmo a reação do jovem prefeito com sua escolhida.

Resumo mesmo ? achei muita cena de sexo e pouca resolução de problema.. nada além de uma retratação do nosso cotidiano e suas imprevisibilidades… nada mais chato do que nossa vida chata não é mesmo ? Só odiei firmemente Jorge interrompendo a narrativa da historia para esclarecer fatos ou mesmo “brigar” com seu suposto concorrente, pode ser o diferente da época mas isso sempre quebrava a leitura e nem eram tão relevantes as informações que ele cedia. Esperava mais de Tieta é verdade mais reconheço que de sua forma ela fez o que pode por uma comunidade que sempre a desprezou … no fim dou 8 estrelinhas pra esse nacional que inspirou novelas e filmes.

Esta ganha : ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

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